Projetos IEM/FCT
IEM como entidade de acolhimento
FRONTOWNS – Pensar em grande sobre as pequenas vilas de fronteira: Alto Alentejo e Alta Extremadura leonesa (séculos XIII – XVI)
PTDC/HAR-HIS/3024/2020
Unidade de Investigação: IEM-NOVA FCSH
Unidades de Investigação associadas: CHAM-NOVA FCSH; IHC-NOVA FCSH
Instituições participantes: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FL/ULisboa); Inesc Tec – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC): Universidad de Extremadura (UEX); École des hautes études hispaniques et ibériques / Casa de Velázquez (EHEHI/ CVZ).
Instituições associadas: Câmara Municipal de Castelo de Vide, Ayuntamiento de Cáceres
Investigadora responsável: Adelaide Millán da Costa
Investigador co-responsável: Gonçalo Melo da Silva
Equipa de investigação: Adelaide Millán da Costa (IR); Gonçalo Melo da Silva (Co-IR); Ana Santos Leitão; Ana Filipa Roldão; António Castro Coelho; Daniel Alves; Elena de Ortueta Hilberath; Florencio-Javier García Mogollón; Inês Lourenço Olaia; Joana Vieira Paulino; João Nisa; José Fabián Cuesta Gómez; Julian Clemente Ramos; Leonel Caseiro Morgado; Luis Clemente-Quijada; Luísa Trindade; Pau Soto; Pedro Pinto; Sara Prata
Consultor: Jean-Luc Fray
Duração: 2021-2024
Este projeto desenvolve-se em 2 abordagens confluentes. A primeira visa identificar o papel desempenhado por pequenas vilas na articulação de um território de fronteira entre Portugal e Castela, e na relação com espaços mais distantes, explorando todos os vínculos e fluxos que entre esses povoados se estabeleçam, viabilizados ou obstruídos pelas condições geográficas, materiais, políticas ou mentais. Para visualizar e potenciar os resultados, utiliza-se uma base de dados georreferenciada já existente (Mercator -e), incorporando novos layers de acordo com variáveis de conectividade exploradas.
A segunda perspetiva de análise fixa-se no estudo e reconstituição da evolução do espaço urbano de duas destas vilas, Castelo de Vide e Cáceres. Esta vertente da abordagem articula-se com a modelação e animação em 3D, com o objetivo de observar como os fluxos e os vínculos se refletem no espaço urbano destas duas vilas: reconstituindo as áreas de mercado, de trocas, de convivialidade, de decisão, de representação, bem como as vias e os terreiros e a sua relação com o tecido residencial.
A vinculação à sociedade encontra-se na essência deste projeto, dada a larga trajetória de trabalho conjunto entre as universidades envolvidas e as vilas da região.
Livros, rituais e espaço num Mosteiro Cisterciense feminino. Viver, ler e rezar em Lorvão nos séculos XIII a XVI
PTDC/ART-HIS/0739/2020
Unidade de Investigação: IEM-NOVA FCSH
Instituições participantes: LAQV REQUIMTE, NOVA FCT; Laboratório Hércules, Universidade de Évora; CESEM NOVA FCSH
Instituições associadas: CEHR-UCP; Torre do Tombo
Investigadora responsável: Catarina Fernandes Barreira
Investigadora co-responsável: Conceição Casanova
Equipa de investigação: Catarina Fernandes Barreira (IR), Conceição Casanova (Co-IR), Catarina Pereira Miguel, Alberto Medina de Seiça, Ana Tourais, Catarina Pinheiro, Catarina Tibúrcio, Diana Martins, Isabel Pombo Cardoso, Gonçalo Melo da Silva, João Luís Inglês Fontes, Jonathan Wilson, Luís Filipe Oliveira, Luís Miguel Rêpas, Maria da Conceição Oliveira, Maria Filomena Andrade, Mário Farelo, Mercedes Pérez Vidal, Miguel Metelo de Seixas, Paula Cardoso, Paulo Catarino Lopes, Rui Araújo, Silvia Scardina e Zuelma Chaves
Consultores: Manuel Pedro Ferreira, Maria do Rosário Morujão e Teresa Quilhó
Duração: 2021-2024
O projeto tem como objetivo estudar, de forma interdisciplinar, os códices litúrgicos iluminados que fizeram parte da biblioteca do Mosteiro de Lorvão, a primeira casa cisterciense feminina em Portugal, contribuindo para a integração dos estudos monásticos nacionais nos estudos de género, no período compreendido entre os inícios do século XIII e os finais do século XVI, num corpus de cerca de três dúzias de códices.
Pretendemos analisar este corpus, por um lado, em termos materiais, isto é, as características do códice desde a decoração iluminada, pigmentos/tintas e pergaminho usados, até os materiais e métodos da encadernação, passando pelo levantamento do seu estado de conservação e adições/alterações sofridas, contribuindo para a história do livro e da conservação; por outro, em termos litúrgicos e de conteúdo, caracterizando os seus usos e tipos de circulação no mosteiro, bem como o papel das monjas na encomenda e na formação/conservação desta biblioteca. Este estudo interdisciplinar vai fornecer dados que possam contribuir para o levantamento de hipóteses no que diz respeito à caraterização do scriptorium ou scriptoria de origem dos códices e suas particularidades, bem como perceber se a liturgia praticada em Lorvão durante a vigência feminina revela traços identitários e/ou submeteu-se à unanimidade litúrgica cisterciense.
IEM como entidade de acolhimento (concluídos)
CISTERHOR – Horizontes cistercienses. Estudar e caracterizar um scriptorium medieval e a sua produção: Alcobaça. Identidades locais e uniformidade litúrgica em diálogo
PTDC/ART-HIS/29522/2017
Unidade de Investigação: IEM-NOVA FCSH
Instituições participantes: LAQV REQUIMTE, NOVA FCT; Laboratório Hércules, Universidade de Évora
Instituições associadas: CEHR-UCP; Biblioteca Nacional de Portugal; DGPC/Mosteiro de Alcobaça
Investigadora responsável: Catarina Fernandes Barreira
Investigadora co-responsável: Conceição Casanova
Equipa de investigação: Catarina Fernandes Barreira (IR), Conceição Casanova (Co-IR), Ana Lemos, Catarina Pereira Miguel, Catarina Tibúrcio, Gonçalo Melo da Silva, João Luís Inglês Fontes, Jonathan Wilson, Luís Miguel Rêpas, Maria da Conceição Oliveira, Maria Filomena Andrade, Paula Cardoso, Paulo Catarino Lopes, Rita Araújo, Rita Castro e Zuelma Chaves.
Consultores: José Francisco Meirinhos e Teresa Maria Gonçalves Quilhó Marques dos Santos
Duração: 2018-2021
Nos últimos anos, o estudo dos scriptoria cistercienses tem produzido novos conhecimentos e perspetivas: este projeto pretende discutir e colocar o caso português nesta corrente historiográfica europeia, através do estudo do scriptorium do Mosteiro de Alcobaça, entre os finais do século XII e o XVI. Tem como objetivo o estudo e a datação dos manuscritos litúrgicos iluminados do scriptorium de Alcobaça, num corpus constituído por 50 códices. A abordagem interdisciplinar pretende, por um lado, estudar os manuscritos na sua materialidade (características da decoração iluminada, estudo dos pigmentos e da estrutura das encadernações) e, em simultâneo, estudar o seu conteúdo litúrgico (em articulação com as orientações de Cister e a influência do contexto local), desde finais do século XII até os inícios do século XVI.
A escolha deste tipo de manuscrito prende-se com a sua finalidade: eram os manuscritos mais importantes que os scriptoria monásticos produziam, indispensáveis à celebração diária dos ofícios, a partir dos quais se organizava a vida dos monges. Em Alcobaça sobreviveu um número significativo deste tipo de manuscritos, ao contrário de outras abadias, o que abrirá novas perspetivas em termos da possibilidade de os datar com mais precisão e consequentemente caracterizar a evolução dos materiais e técnicas de produção do codex no âmbito do scriptorium, ao longo de quatro séculos.
Pretende-se inserir este estudo de caso no contexto mais lato da produção cultural cisterciense europeia e responder a novas questões: qual o papel de Alcobaça no contexto global europeu? A liturgia seguida em Alcobaça foi identitária ou segue o modelo cisterciense? Existe uma identidade artística em Alcobaça em termos da produção iluminada ou a ornamentação destes manuscritos comunga a estética e a materialidade do contexto francês, nomeadamente da casa-mãe, Claraval? As encadernações originais de Alcobaça são específicas deste Mosteiro ou exibem elementos comuns a outras abadias? Como evoluíram estes códices em termos de conteúdo e materialidade e a que influências esteve permeável o scriptorium? A resposta a estas questões permitirá um novo enfoque sobre os manuscritos iluminados produzidos ou adquiridos por Alcobaça.
O IR e os membros da equipa, com experiência na produção de conhecimento para a academia e na disseminação e transferência do conhecimento junto do público não especializado, dispõem das competências necessárias para a prossecução deste projeto. Destaca-se o esforço de networking e de inclusão nas redes de estudos cistercienses dos últimos anos. Os resultados serão publicados em revistas internacionais especializadas, com revisão por pares e divulgados em congressos nacionais e internacionais e numa base de dados em acesso aberto. Está prevista uma exposição, a edição de um livro e um congresso internacional. As estratégias de transferência de conhecimento contam com a participação direta de duas instituições fundamentais, a BNP e o Mosteiro de Alcobaça.
Marcador do projecto (divulgação em inglês)
FALCO – Formulando o relacionamento entre humanos e outras espécies em Portugal medieval
EXPL/HAR-HIS/1135/2021
Unidade de Investigação: IEM-NOVA FCSH
Instituições participantes: Câmara Municipal de Salvaterra de Magos – Falcoaria Real ; Laboratório de Arqueociências – Direcção Geral do Património Cultural
Investigador responsável: Tiago Viúla de Faria
Investigador co-responsável: Rémy Cordonnier
Equipa de investigação: Tiago Viúla de Faria (IR), Rémy Cordonnier (Co-IR), Alice Tavares, Ana Paiva Morais, Ana Sirgado, André Silva, Carlos Pimenta, Diana Martins, Fabio Barberini, Filipa Soares, Filipe Alves Moreira, Hélder Carvalhal, Joana Ramôa, Sónia Gomes
Consultores: Aleks Pluskowski, Baudouin Van den Abeele, José Manuel Fradejas
Duração: 2022
A principal premissa do Projecto FALCO é potenciar a investigação multidisciplinar acerca da relação entre o ser humano e outras espécies no Portugal medieval, mediante a exploração dos laços históricos com um grupo animal específico, as aves de rapina.
Incluindo as famílias “falconidae” e “accipitridae”, as aves de rapina incluem variadas espécies. Os investigadores e consultores do projeto são especialistas em questões-chave no estudo das aves e do homem medieval. O grupo irá analisar especificamente as várias vertentes dessas ligações. Será dada atenção às fontes primárias conhecidas, empregando abordagens metodológicas consagradas e outras a desenvolver, com vista a determinar o potencial, bem como os limites, de determinados tipos de registos históricos, de acordo com as abordagens empregues.
Findo o projeto, e como resultado das atividades de investigação e do debate científico, pretende-se alcançar uma base metodológica sólida para a investigação (abrangente e interdisciplinar) das relações homem-animal na Idade Média, concebida transversalmente entre temas e disciplinas.
Contacto: falco@fcsh.unl.pt
IMAGO
POCTI/EAT/45922/2002
Unidade de Investigação: IEM/FCSH-NOVA
Unidades de Investigação associadas: Centre National de la Recherche Scientifique, Paris; École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris; Museo de Pontevedra
Investigadores principais: José Custódio Vieira da Silva e Maria Adelaide da Conceição Miranda
Equipa de investigação: Luís Manuel Correia de Sousa, Joana Ramôa, Ana Lemos e Ragnilde Boe
Duração: 2005-2009
O projeto IMAGO tem como objetivo a criação de um centro de iconografia medieval, a partir de uma investigação sistemática de acordo com um plano previamente definido. A inexistência de um centro deste tipo em Portugal, é reconhecidamente, no domínio da História da Arte uma grande lacuna. A sua principal finalidade é centralizar, estudar e divulgar a iconografia medieval.
Este centro deverá igualmente estimular a pesquisa na área de arte medieval e colocar o nosso país no lugar que lhe é devido junto da comunidade científica internacional.
Este projeto está integrado nas atividades do Instituto de Estudos Medievais, onde as imagens são consideradas como um produto da memória social, sendo estudadas de acordo com o seu conteúdo e significado, num sistema cultural que é igualmente tratado por outras disciplinas, tais como a História e a Literatura. É, neste sentido, que o seu funcionamento basear-se-á num trabalho interdisciplinar, fundamental para a análise da dimensão temática das imagens e da sua interpretação cultural.
A primeira etapa consistirá na elaboração de um thesaurus descritivo de todas as imagens, começando pelos manuscritos iluminados e escultura tumular.
O registo das diferentes obras irão integrar uma base de dados, que se pretende sistemática e exaustiva e que permita cruzar toda a informação relevante. Neste sentido depois da seleção e levantamento das imagens será feita a sua catalogação à sua catalogação e digitalização de forma a criar um corpus de iconografia. A pesquisa consistirá em duas tarefas diferenciadas: a primeira numa recolha em bibliotecas e arquivos de todas as imagens disponíveis (material publicado ou on-line, CD-Rom), e a segunda no registo do material em estudo. Simultaneamente, proceder-se-á à recolha de fontes históricas, literárias, filosóficas e religiosas da imagem de modo a interpretá-la no campo mais vasto da civilização medieval.
Para ultrapassar as dificuldades que se podem colocar no que diz respeito ao copyright das imagens, estabelecer-se-ão protocolos com outras instituições culturais.
Finalmente os investigadores divulgarão os resultados do projeto em CD-Rom, no site do Instituto de Estudos Medievais, e através de monografias e outras publicações.
INVENTARQ – Inventários de arquivos de família, sécs. XV-XIX: de gestão e prova a memórias perdidas. Repensando o arquivo pré-moderno
EXPL/EPH-HIS/0178/2013
Unidade de Investigação: IEM-FCSH/NOVA
Unidades de Investigação associadas: CHAM, IHC, IICT
Instituições participantes: Casa de Velazquez, Laboratório I.T.E.M. (“Identités, territoires, expressions, mobilités” da Univ. de Pau et des Pays de l’Adour).
Investigadora Responsável: Maria de Lurdes Rosa
Equipa de investigação: Ana Canas; Ana Cortez de Lobão; Anne Goulet; Filipa Lopes; Filippo De Vivo; Joseph Morsel; Margarida Leme; Maria de Lurdes Rosa; Maria Isabel Ventura; Maria João Andrade e Sousa; Maria José Mexia Bigotte Chorão; Miguel Metelo de Seixas; Olivier Guyotjeannin; Patrícia Marques; Paulo Jorge Fernandes; Pedro Pinto; Randolph Head; Rita Nóvoa; Saul Gomes; Véronique Lamazou-Duplan
Duração: 2013-2015
Objetivos e resultados previstos:
- Estudar historicamente o contexto de produção e de uso de inventários de arquivos de família nobiliárquica de AR (história das famílias- história dos arquivos-história dos inventários);
- Descrever diplomática e arquivisticamente os mesmos e colocar as descrições em linha;
- Promover o estudo, reflexão e edição de um conjunto de estudos sobre a natureza dos inventários, do ponto de vista histórico-antropológico, arquivístico e epistemológico quanto aos usos historiográficos e arquivísticos.
De modo a assegurar a apresentação e disponibilização dos dados, a salvaguarda patrimonial dos inventários estudados, e a realização dos estudos analíticos em perspetiva interdisciplinar, foram previstos os seguintes produtos: base de dados online com acesso às descrições dos arquivos e dos inventários estudados (com recurso ao software ICA-AtoM e inclusão de digitalização de alguns inventários); encontro científico e oficina de investigação aprofundada (9 de fevereiro de 2015); exposição documental (a realizar de 28 de janeiro a 26 de março de 2016), com edição de catálogo.
JUSCOM – Juiz da Terra, Juiz de Fora (justiça e comunidades num período de transição: 1481-1580)
PTDC/EPH-HIS/4323/2012
Unidade de Investigação: IEM-FCSH/NOVA
Unidade de Investigação associada: CEG
Investigadora responsável: Adelaide Millán da Costa
Equipa de investigação: António Manuel Hespanha, Fernando Pinto da Rocha, Filipa Roldão, Jorge Trindade, José Subtil, Luís Miguel Duarte, Maria Helena da Cruz Coelho, Mário Farelo, Marta Gonçalves, Nuno Camarinhas e Vitor Rocio
Bolseiros de investigação: Diogo Nuno Machado Pinto Faria e Nuno Filipe Moura Rodrigues
Duração: 2013-2014
Este projeto pretende desmontar o processo pelo qual a coroa institui, de forma sistemática e permanente, a nomeação de juízes de fora letrados para os concelhos de maior importância, no reino de Portugal. Para tanto, identifica um corte temporal, correspondente grosso modo ao século XVI, que esteve até agora omisso na investigação. Os motivos desta ausência prendem-se com as divisões “de terreno” entre medievalistas e modernistas que acabam por estabelecer barreiras temporais nos estudos, menosprezando os períodos charneira. E, como é óbvio, a evolução paulatina da ordem jurídica e do funcionamento das instituições, ao longo do Antigo Regime, não se coadunam com cortes historiográficos artificiais.
Nestas circunstâncias, o projeto é inovador porque congrega especialistas das Época Medieval e Moderna, não para se aliarem numa pesquisa desenvolvida na long durée (sem abandonarem as respetivas cronologias, quanto muito aplicando uma grelha de análise similar) mas para partilharem a investigação de um curto período, um século, que é considerado em termos de evolução do aparelho judicial da coroa “terra de ninguém”. O projeto beneficia, ainda, do concurso de geógrafos especializados em Sistemas de Informação Geográfica (SIG), com o propósito de permitir acompanhar, em termos gráficos, a existência de alguma lógica espacial ou de tempos específicos no avanço da nomeação de juízes de fora.
Marcador do projecto (divulgação em inglês)
LITTERA – Edição, atualização e preservação do património literário medieval português
PTDC/ELT/69985/2006
Unidade de Investigação: IEM-FCSH/NOVA
Investigadora responsável: Graça Videira Lopes
Equipa de investigação: Nuno Júdice, Maria do Rosário Paixão, Manuel Pedro Ferreira
Duração: 2006-2011
O património literário da Idade Média portuguesa que chegou até nós integra um conjunto de textos que, pela sua qualidade e originalidade, representam um dos momentos altos da literatura e cultura portuguesas. Desaparecidos ou esquecidos durante vários séculos e só gradualmente redescobertos a partir de meados do século XIX, uma parte desses textos não foi ainda objeto de uma edição unificada completa e de um estudo integrado. O presente projeto propõe-se, pois, iniciar, de forma coerente, coordenada e cientificamente consistente, a edição, proteção e actualização desse património literário e cultural medieval, nas suas duas grandes vertentes: poesia e prosa narrativa. Dada a extensão do corpus possível, o projeto prevê várias fases. Assim, numa primeira fase, o projeto tomará como objeto inicial as cantigas dos trovadores e jograis. O que se segue é um breve resumo das atividades relativas a esta primeira fase.
Na verdade, e malgrado o notável trabalho dos seus primeiros editores (Carolina Michaëlis, José Joaquim Nunes ou Rodrigues Lapa), a que se tem progressivamente juntado o trabalho monográfico ou antológico de numerosos especialistas posteriores, tanto em Portugal como na Galiza, o certo é que não existe ainda, na atualidade, uma edição crítica integrada das cerca de 1680 cantigas trovadorescas que chegaram até nós.
Um dos objetivos deste projeto será, pois, o da concretização dessa edição, tendo particularmente em conta os novos meios técnicos de divulgação, nomeadamente os formatos digitais e a internet, prevendo-se não só uma leitura crítica atualizada da totalidade das cantigas (com edição em papel e em suporte digital) mas igualmente o acesso às respectivas versões manuscritas original (bem como índices de vocabulário e índices onomásticos desenvolvidos).
Esta vertente do projeto inclui ainda, nesta primeira fase, o acesso à dimensão musical das cantigas, quer no que diz respeito à sua música original (quando chegou até nós), quer procedendo a um levantamento de todas as gravações que dela foram feitas até ao momento (com recurso a contrafacta ou a música autónoma). Todos os materiais serão igualmente disponibilizados ou indicados on-line (no último caso, quando, por questões de direitos, não for possível a sua disponibilização).
STEMMA – Do canto à escrita – produção material e percursos da lírica galego-portuguesa
PTDC/LLT-EGL/30984/2017
Unidade de Investigação: IEM-NOVA FCSH
Instituições participantes: LAQV REQUIMTE, NOVA FCT; Biblioteca Nacional de Portugal
Investigadora responsável: Graça Videira Lopes
Investigadora co-responsável: Maria João Melo
Equipa de investigação: Graça Videira Lopes (IR), Maria João Melo (Co-IR), Manuel Pedro Ferreira, José António Souto Cabo, Maria Ana Ramos, Ana Raquel Baião Roque, Paula Sofia Nabais, Tatiana Ferreira Vitorino.
Duração: 2018-2021
Os testemunhos escritos da lírica medieval galego-portuguesa que chegaram até nós são apenas cinco: três cancioneiros – o Cancioneiro da Ajuda (A), códice medieval ricamente iluminado mas inacabado, e duas cópias italianas do século XVI (B e V) de um grande cancioneiro medieval desaparecido – e dois fragmentos, o pergaminho Vindel (N) e o pergaminho Sharrer (T), ambos um único folio. A importância histórica e cultural do seu legado (as canções dos trovadores) contrasta fortemente com as lacunas que subsistem no que diz respeito a quase todos os aspetos da produção, transmissão e percurso posterior desses manuscritos.
Através de uma abordagem inovadora e multidisciplinar, o objetivo deste projeto é, pois, o de preencher essas lacunas, num estudo que juntará:
- no que toca a A, análises moleculares das iluminuras e tintas de escrita, complementadas por análises do mesmo tipo a serem realizadas em manuscritos ibéricos semelhantes (como as Cantigas de Santa Maria) com vista a elucidar aspetos essenciais mas ainda desconhecidos do códice, como a sua datação, condições e provável espaço de confeção, ou o seu percurso posterior;
- em relação às cópias italianas, análises internas (recolha de todas as pistas presentes nestas cópias e que possam fornecer informação sobre o manuscrito original), bem como análises externas (pesquisas sistemáticas em arquivos e bibliotecas, com destaque para o espólio de Angelo Colocci e também de uma figura cujo papel terá sido decisivo nesta questão, D. Miguel da Silva, bispo de Viseu, espólio em parte inédito).
Na fase final do projeto, e a partir dos dados recolhidos em 1 e 2, esperamos poder compreender melhor tanto os parâmetros da passagem do canto trovadoresco ibérico à escrita (agentes, datas, locais), como o desconhecido percurso posterior dos manuscritos (incluindo os desaparecidos), nomeadamente o papel que neste Stemma desempenharam importantes figuras do humanismo renascentista português e europeu.
A candidatura destes tão preciosos quanto frágeis manuscritos ao programa «Memória do Mundo» da UNESCO, candidatura a apresentar no final de 2019 pela Biblioteca Nacional de Portugal, com o apoio científico desta equipa, reforça os nossos objetivos.
Com uma equipa que reúne investigadores altamente especializados em análise laboratorial de manuscritos iluminados (com ênfase na análise molecular da cor e dos pigmentos) e alguns dos melhores investigadores das áreas da literatura e arte medievais, equipa cujos IR e co-IR têm já experiência em trabalho conjunto, este projeto decerto poderá atingir esses objetivos, dinamizando este riquíssimo património comum.
Por fim, gostaríamos de sublinhar que um estudo deste tipo, em particular no que diz respeito às análises a A, não tem paralelo com qualquer outro realizado até agora, tanto a nível europeu como mundial. Nesta medida, os dados recolhidos sobre as cores de A (e que serão partilhados numa base de dados) representarão também um instrumento fundamental para todos os investigadores que se ocupam da arte medieval.
Marcador do projecto (divulgação em inglês)
REGNUM REGIS – As inquirições de 1220 e a génese da memória documental do reino medieval português
POCTI/HAR/47271/2002
Unidade de Investigação: IEM/FCSH-NOVA
Investigadora responsável: Amélia Aguiar Andrade
Equipa de investigação: Amélia Aguiar Andrade, Bernardo Vasconcelos e Sousa, João Luís Fontes
Duração: 2004-2008
Antes do Numeramento de 1527-1532, são as atas das Inquirições Gerais dos séculos XIII e XIV que constituem as fontes mais completas e exaustivas para o inventário das comunidades, bens e poderes existentes no Portugal a norte do Mondego, tal como o têm vindo a demonstrar diversos estudos regionais e temáticos feitos com base nos mais importantes desses inquéritos, os de 1220, 1258 e 1288.
O presente Projeto propõe-se levar a cabo a edição crítica dos primeiros, os de 1220, já que, estando todos eles publicados ou em vias de publicação, são os que o foram de uma forma incompleta e, portanto, a necessitar de uma urgente revisão textual. De facto, a edição hoje disponível das atas das Inquirições Gerais de 1220, publicada, sob a direção de Alexandre Herculano, nos Portugaliae Monumenta Historica – Inquisitiones, não teve em conta a totalidade dos manuscritos disponíveis, nem responde às actuais necessidades de edição de um texto cuja consulta e utilização se tem revelado fundamental para um completo conhecimento do Portugal medieval de Duzentos.
Com efeito, a edição a efetuar não só procurará facultar a todos os investigadores e agentes culturais e de ensino um texto crítico e completo das atas das Inquirições de 1220, quer em suporte impresso, quer em informático, como se propõe apresentar índices que disponibilizem um conjunto completo e abrangente de informações e materiais susceptíveis de serem compulsados e aproveitados na prossecução do estudo das atas de todas as Inquirições dos séculos XIII e XIV, já que as suas edições não contemplam um semelhante tratamento e apresentação de texto.
Neste sentido, a publicação proposta acabará por facultar as bases de um esclarecimento mais rigoroso, cartografável e quantificável das questões levantadas pelas Inquirições Gerais de Duzentos e Trezentos, ao mesmo tempo que permitirá esclarecer um vasto conjunto de problemáticas decisivas para o conhecimento da realidade histórica portuguesa, como sejam as modalidades de povoamento, os comportamentos demográficos, os regimes de propriedade, os elementos ordenadores da ocupação do território (castelos, templos, paços e cercas amuralhadas), o exercício das justiças (comunitárias, senhoriais, régias), os modelos de fiscalidade, a diferenciação social, as marcas dos quotidianos rurais e urbanos, os sistemas de toponímia e antroponímia e o valor da escrita, do registo e do arquivo na defesa dos direitos e dos deveres político-sociais, para além de uma melhor compreensão do funcionamento das estratégias de afirmação local e regional do poder régio, bem como das tensões existentes entre centralização, senhorialismo e feudalidade.
Objetivos: Estabelecer a fixação do texto crítico latino das atas das Inquirições Gerais de 1220. Preparar a respectiva edição. Conceber e preencher uma base de dados a partir da informação disponível na edição das atas das Inquirições. Elaborar um glossário desse mesmo texto. Organizar e estabelecer os respetivos índices toponímico e institucional. Promover a disponibilização em CD ROM e na Internet de todos esses materiais. Realizar um Encontro nacional de reflexão em torno dos testemunhos das Inquirições de 1220. Organizar, no termo da vigência do Projeto, uma conferência internacional dedicada à análise histórica comparada da elaboração régia das primeiras memórias documentais de âmbito regional produzidas nos diversos reinos cristãos medievais de Duzentos.
IEM como entidade participante com dotação específica
iForal – Forais medievais portugueses: uma perspetiva histórica e linguística na era digital
PTDC/HAR-HIS/5065/2020
Unidades de Investigação: Centro de História (CH/FL/ULisboa), Centro de Linguística da Universidade de Lisboa (CL/FUL/ULisboa)
Investigadores responsáveis: Filipa Roldão (CH/FL/ULisboa), Co-IR Joana Serafim (CL/FUL/ULisboa)
Investigadores IEM-NOVA FCSH: Adelaide Millán Costa, Amélia Aguiar Andrade, Maria João Branco
Duração: 01-01-2021 – presente
Ao longo dos séculos XII e XIII, a construção do reino de Portugal centrada na definição de fronteiras territoriais, na delimitação de poderes e na estabilização sócio-económica dos seus habitantes, conheceu a contratualização escrita de relações jurídicas de longa vigência. Reis e senhores laicos ou eclesiásticos puserem por escrito a sua relação com as comunidades e definiram normas de convivência entre habitantes, como os seus direitos e deveres: esses escritos chamavam-se forais.
Considerando as cartas de foral outorgadas pelo poder régio, os chamados forais breves, este projeto visa reinterpretar a natureza destes documentos (circunstâncias de outorga e de transmissão textual) e a sua função no quadro amplo de relação entre os concelhos e a administração régia. Para tal, este projecto assenta numa ideia-chave: interdisciplinaridade. A História e a Linguística fornecerão à investigação as suas ferramentas conceptuais e metodológicas e as Humanidades Digitais as necessárias ferramentas instrumentais para potencializar resultados e tornar eficaz a sua pesquisa e divulgação. O grande objetivo instrumental do projeto é constituir um corpus de forais medievais portugueses, editado criticamente e de modo eletrónico, para reflexão histórico-linguística. Desse corpus farão parte os forais régios portugueses concedidos até 1279, as suas cópias e as traduções vernaculares produzidas até ao final do século XV. Para tal, desenvolveremos metodologias inovadoras, assentes em ferramentas semiautomáticas para a optimização das tarefas, disponibilizando os resultados do projeto em acesso aberto.
Mas, por que razão estudar forais medievais portugueses? Por que razão financiar em 2020 este projecto? Em primeiro lugar, existem razões de natureza eminentemente científica: o estudo dos forais antigos tem sido negligenciado em favor dos novos forais do século XVI (Reforma Manuelina), formal e materialmente mais atractivos para os historiadores; os estudos existentes ou se encontram demasiado dispersos por editoras com fraca capacidade de divulgação ou carecem de validação científica por serem, sobretudo, desenvolvidos não por historiadores, mas sim por eruditos locais. Em qualquer dos casos, não existe uma perspetiva de conjunto que olhe para a totalidade dos forais régios. Este projeto pretende ultrapassar esta lacuna.
Em segundo lugar, existem razões de natureza societal: em pleno século XXI, as comunidades locais e os poderes públicos (câmaras, arquivos, museus e escolas) continuam a comemorar a data de outorga do seu foral mais antigo, actualizando a memória e a identidade coletivas. O interesse pelo foral da terra justifica-se facilmente: nele, as comunidades conhecem as mais antigas formas de organização colectiva dos seus antepassados e a sua relação com os poderes instituídos, sobretudo com o rei, em questões de natureza política e fiscal, de justiça e de actividades económicas; mais, estes documentos permitem ainda uma aproximação aos recursos naturais disponíveis na comunidade e à sua exploração, e à paisagem e à topografia, ainda reconhecíveis hoje pelas comunidades.
Convictos de que este projeto assenta numa investigação cientificamente viável e necessária, e socialmente pertinente, a IR e a Co-IR apresentam a esta candidatura uma equipa com os melhores especialistas nacionais nas áreas da História Medieval (cidades, poder régio, cultura escrita), da Linguística (filologia, história da língua e crítica textual) e da Informática aplicada às Humanidades, investigadores e consultores internacionais de renome que assegurarão a fundamental comparação com outras historiografias, e um conjunto de investigadores juniores, que acompanharemos na sua formação avançada. A instituição proponente e as instituições participantes, espalhadas de Norte a Sul do país, e a Universidade de Lausanne fornecem garantias de robustez científica e de capacidade de gestão deste projecto, onde se retomam parcerias já bem estabelecidas e fundamentadas. O objeto de estudo deste projeto é disso um bom exemplo. O estudo dos forais medievais pela IR e Co-RI iniciou-se em 2005, contando já com várias publicações e apresentações públicas internacionais, assim como actividades de disseminação de conhecimento pela comunidade. Neste já longo percurso, a IR e a Co-IR, respetivamente especialistas das áreas de História e de Linguística, ensaiaram metodologias e reflexões sobre os forais medievais portugueses que, neste projecto, aprofundarão e desenvolverão ao serviço da ciência e da comunidade. Com este projeto, promove-se a salvaguarda de um dos mais antigos exemplos de património escrito dos poderes locais, das cidades e do Reino português, e, com a sua memória preparamos uma melhor resposta a alguns dos grandes objetivos das Nações Unidas para 2030, como o conhecimento sobre justiça, defesa, equidade, sustentabilidade económica e ecológica dos povos.
IGAEDIS – A aldeia histórica de Idanha-a-Velha: cidade, território e população na Antiguidade (séc. I a.C. – XII D. C.)
PTDC/HAR-ARQ/6273/2020
Unidade de Investigação: IEM-NOVA FCSH
Instituições Participantes: Câmara Municipal de Idanha-a-Nova; Universidade de Coimbra e Universidade Nova de Lisboa
Investigadores Responsáveis: Pedro C. Carvalho e Catarina Tente
Equipa de Investigação: Tomás Cordero Ruiz, Brais X. Currás, Ricardo Costeira da Silva, Adolfo Fernández, Patrícia Dias, José Cristóvão, Gabriel de Souza, Sofia Tereso, João Pedro Tereso, José Ruivo, Vera Pereira, Lídia Fernandes, Armando Redentor, Catarina Meira, Bruno Franco Moreno, Paulo Almeida Fernandes e Saul Gomes
Duração: 2017 – ativo
O projeto IGAEDIS – The historical village of Idanha-a-Velha: city, territory and population in ancient times (first century BC. – twelfth century AC), foi um dos três projetos em arqueologia que foi financiado no último concurso para projetos em todos os domínios científico da FCT (2020 Call for SR&TD Project Grants). O projeto resulta de uma parceria entre as Universidades de Coimbra, Universidade Nova de Lisboa, Câmara Municipal de Idanha-a-Nova e Direção Regional da Cultura do Centro. O projeto agora financiado é liderado por Pedro C. Carvalho do CEIS 20/UC e por Catarina Tente do IEM /NOVA FCSH e reúne uma equipa multidisciplinar e internacional de diversas instituições nacionais e internacionais. A equipa em conjunto procurará dar continuar ao estudo da aldeia histórica de Idanha-a-Velha (concelho de Idanha-a-Nova), que foi outrora cidade capital (Romana), sede de bispado (Suevo-Visigodo) e ainda centro nevrálgico dos Templários. A Aldeia Histórica, Monumento Nacional, onde hoje vivem cerca de 50 pessoas, foi possivelmente o lugar mais importante do atual interior português, entre o Tejo e o Douro, ao longo de quase 1.200 anos. Nesta aldeia permanecem importantes monumentos do seu legado histórico.
O projeto procura alargar a escala de intervenção de um projeto anterior (2016-2019) e tem os seguintes objetivos: 1) caracterizar a evolução urbanística da cidade antiga e dos seus territórios na longa diacronia (desde o século I a.C. ao XII); 2) conhecer padrões de produção e consumo da cidade e território; 3) estudar as populações antigas que ali habitaram. Metodologicamente o estudo da cidade antiga alicerça-se num plano de escavações arqueológicas a levar a cabo na área dos principais espaços públicos e permitirão determinar contactos culturais/comerciais preferenciais e as produções e consumos de bens, quer alimentares quer de bens quotidianos. O estudo do território na longa duração centrar-se-à nas estratégias de povoamento e exploração dos recursos e será feito de forma sistémica e integrada, recorrendo-se à análise SIG, à teledeteção e à prospeção.
O estudo das populações antigas será feito através da análise dos restos recuperados nas necrópoles, estando previsto o estudo antropológicos dos restos osteológicos bem como a sua análise química para aferir padrões alimentares e mobilidade, estando também prevista a extração e sequenciação de ADN.
Outro ponto forte é a divulgação e o retorno social do conhecimento. Importa envolver a população local, particularmente as escolas, em torno de um património que lhes pertence, contribuindo para o reforço da sua identidade e coesão social.
MedCrafts – Regulamentação dos mesteres em Portugal nos finais da Idade Média: séculos XIV e XV
PTDC/HAR-HIS/31427/2017
Unidades de Investigação: LAb2PT-Universidade do Minho, que lidera o projeto; CITCEM-Faculdade de Letras da Universidade do Porto; CHSC-Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra; IEM-NOVA FCSH; CH-Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; CIDEHUS-Universidade de Évora
Investigadores responsáveis: IR Arnaldo Sousa Melo (LAB2PT-Universidade do Minho), Co-IR Joana Sequeira (CITCEM-FLUP)
Investigadores IEM-NOVA FCSH: Amélia Aguiar Andrade, Mário Farelo, Gonçalo Melo da Silva, Ana Cláudia Silveira, Mário Viana e Diana Martins (Bolseira de Investigação)
Duração: 01-10-2018 a 30-09-2022
Este projeto pretendeu estudar a regulamentação da atividade dos mesteres nos finais da Idade Média, nomeadamente nos séculos XIV e XV, através da análise de várias cidades portuguesas, de diferentes regiões, numa perspetiva comparativa. O projeto visa promover uma visão integrada dos sistemas de regulação e das práticas sociais, colocando-os nos seus contextos sociais, económicos, jurídicos e políticos, centrando-se nomeadamente nas relações entre mesteirais e autoridades públicas. Através da análise desses regulamentos, do controlo e das suas práticas sociais pretendemos compreender e caracterizar a realidade das atividades artesanais no Portugal medieval. O foco nos regulamentos e no controle parece ser o melhor ponto de partida para estudar as realidades dos mesteres. Através do estudo da regulação e controle dos mesteres, visa-se aceder a outros aspetos das atividades artesanais, nomeadamente sua organização, estruturas de produção, inserção espacial e o papel político dos mesteres. O projeto que congrega seis unidades de investigação de seis universidades portuguesas e respetivos investigadores da área da História Medieval, juniores e seniores, incluindo alunos de doutoramento e de mestrados.
IEM como entidade participante com dotação específica (concluídos)
Beleza e significado da cor na iluminura medieval portuguesa
PTDC/EAT-EAT/104930/2008
Instituição proponente: Fundação da Faculdade de Ciências e Tecnologia
Instituições participantes: FCSH/NOVA; Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (IBET); Instituto de Ciências e Tecnologias Agrárias e Agro-Alimentares – Porto (ICETA-Porto/UP)
Unidades de Investigação associadas: Centro de Informática e Tecnologias de Informação (CITI/FCT/UNL); Instituto de Estudos Medievais (IEM/FCSH/UNL)
Investigadora Responsável: Maria João Melo
Equipa de investigação: Adelaide Miranda, Ana Alexandra Matias, Ana Lemos, Ana Luísa Claro, Ana Teresa Serra, António Eduardo Baptista, Catarina Pereira Miguel, Inês Abreu dos Santos, João Pedro Lopes, Mafalda Sarraguça, Maria da Conceição Casanova, Nuno Correia, Rita Carvalho, Rita Castro, Teresa Romão e Tânia Muralha.
Duração: 2009-2011
Os manuscritos iluminados medievais encontram-se entre os objectos artísticos mais valiosos da herança cultural europeia. Os códices portugueses datam da formação de Portugal como reino e são testemunhos das ideias, religião e política medievais. Santa Cruz de Coimbra, São Mamede do Lorvão e Santa Maria de Alcobaça são importantes no contexto da estratégia política régia, que passou pela criação de mosteiros para a manutenção da paz e da ordem social.
Neste projecto propomos explorar as questões relacionadas com o significado social da cor na iluminura medieval portuguesa, executada durante o séc. XII e o 1º quartel do séc. XIII nos mosteiros de Alcobaça, Lorvão e Santa Cruz. O uso e produção da cor na iluminura medieval portuguesa foi tanto uma consequência da tecnologia disponível como uma opção cultural e artística; ao definir as especificidades do seu uso e produção pensamos contribuir para determinar o legado das influências das culturas árabe judaica e cristã que coexistiram no Portugal Românico.
Este tema será tratado de um ponto de vista da história da arte e ciências moleculares, capaz de caracterizar os scriptoria e a sua evolução durante o séc. XII e o 1º quartel do séc. XIII. Começaremos por quantificar as cores dominantes e as suas combinações nos fundos nacionais; nomeadamente nos manuscritos de Alcobaça, Arouca, Lorvão e Santa Cruz. Procederemos, em seguida, a uma comparação com outros fundos internacionais. A quantificação será realizada através de uma análise digital das áreas de cor. Dado que o processo de degradação de uma tinta afeta a nossa percepção da cor, a sua caracterização a nível molecular é fundamental, de forma a evitar interpretações erróneas quanto ao significado e distribuição da cor nos manuscritos. Os ligantes, componente invisível da cor, podem igualmente ter uma influência fundamental na sua percepção e desempenham um papel chave nas mudanças de cor através dos tempos. Uma particular atenção será dada à sua completa caracterização através do uso de técnicas imunoenzimáticas que permitem a detecção de anticorpos/antigenes específicos, por exemplo o ensaio ELISA.
Pretendemos preparar um livro que descreva as descobertas mais importantes e os resultados da nossa investigação. Será considerada igualmente a possibilidade da criação de uma página Web em que os resultados possam ser divulgados. Exploraremos novos caminhos para difundir as nossas conclusões entre o público em geral, e muito particularmente junto das crianças, contribuindo para dar a conhecer a arte da iluminura medieval através da exploração das novas tecnologias interativas. Pretendemos desenvolver um sistema interativo que seja atraente, intuitivo e simples de usar, onde serão recriados os objetos físicos que foram utilizados, na vida real, na produção da iluminura medieval. Esta instalação simulará o processo criativo, abordando diversos aspectos, desde as fontes dos materiais e métodos de produção até à aplicação da cor e construção da imagem. Mostraremos igualmente o contexto histórico e social dessa época e revelaremos os significados das cores utilizadas e das imagens pintadas. Estas instalação interativa poderá facilmente ser utilizada em sítios culturais, enriquecendo uma exposição, ou em instituições onde os livros estão conservados.
DEGRUPE – A Dimensão Europeia de um grupo de Poder: o clero na construção política das Monarquias Peninsulares (sécs. XIII-XV)
PTDC/EPH-HIS/4964/2012
Unidade de Investigação: CIDEHUS
Unidades de Investigação associadas: IEM-FCSH/NOVA, Universidade Católica de Lisboa, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Universidade Complutense de Madrid, Universidade de Salamanca, Universidade de Lleida
Investigadora responsável: Hermínia Vilar
Equipa de investigação: Maria João Branco, Ana Jorge, Maria Helena Coelho, Amélia Álvaro de Campos, Rosário Morujão, Anísio Saraiva, Armando Carvalho Homem, Cristina Cunha, Hermenegildo Fernandes, André Leitão, Hugo Crespo, Óscar Villaroel González, José Luis Martin Martin e Flocel Sabaté
Bolseiro de investigação: Francisco Díaz
O projecto que se apresenta procura, num primeiro momento, refletir sobre o papel e a importância do clero, em especial, do clero secular na criação de um espaço de mobilidade e de circulação de modelos culturais e políticos extensível ao conjunto da christianitas europeia e, num segundo momento, de aprofundamento comparativo, ao nível do estudo de caso, do seu contributo para a construção das monarquias peninsulares: Portugal, Castela e Aragão.
Para tal estabelecemos 5 objetivos básicos:
1 – reconstituição dos universos de clérigos ligados às capelas régias dos reinos em análise, ao exercício de cargos administrativos junto aos monarcas ou em sua representação, nomeadamente junto ao poder papal;
2 – definição e análise dos circuitos de mobilidade peninsular e europeia do clero episcopal português e castelhano, atendendo aos circuitos de formação universitária, à detenção de benefícios em diferentes pontos da cristandade e ao exercício de cargos
na estrutura eclesiástica ou politica;
3 – compreensão do perfil social e cultural dos clérigos ligados à estrutura politica, apreender as tipologias de trajetórias e a articulação entre percurso eclesiástico e percurso politico entre os séculos XIII e XV e numa perspetiva comparada entre osdiferentes espaços peninsulares;
4 – aprofundar o conhecimento sobre as formas de influência e intervenção do clero no contexto da formação das monarquias peninsulares no contexto temporal definido;
5 – articular a investigação a realizar com o trabalho já desenvolvido no contexto do GDRE – At the Foudations of the Modern European State: the Legacy of the medieval clergy.
A concretização destes cinco objetivos parte da noção central da importância do clero como elemento primordial na fase de constituição e definição das monarquias peninsulares, a múltiplos níveis desde o da influência ao nível do campo jurídico e da construção da legitimação política, ao exercício de cargos administrativos e de representação externa e ao apoio espiritual .
Parte igualmente do pressuposto da necessidade de ler esta influência atendendo não apenas à importância e influência local ou nacional dos eclesiásticos, mas à sua inserção em redes que ultrapassavam as fronteiras politicas do reino e se estendiam, com maior ou menos profundidade, a diferentes espaços da cristandade. Neste contexto, procurar-se-á compreender o peso destas redes na definição dos percursos de mobilidade e dos modelos de carreira.
Por último, a justificação deste projeto filia-se ainda na necessidade de estudar, numa perspetiva comparada, os processos de formação das monarquias peninsulares e do papel do clero, o qual, apesar dos estudos já existentes e mencionados adiante no ponto referente ao estado da arte, deixam ainda em aberto, entre outros aspetos, a identificação de protagonistas, a definição
de trajetórias, a importância e funções da capela régia, as ilações e leituras passíveis de serem retiradas a partir de uma análise comparada e que ultrapassa as fronteiras politicas de um reino.
A concretização dos objetivos acima referido implicará a análise e consulta de documentação diversa, com destaque para a documentação de origem régia que permitirá a identificação prévia dos universos acima referidos. A esta junta-se a documentação dos fundos diocesanos, cujo volume e dimensão implicará uma heurística orientada de acordo com objetivos claros e visando a identificação de protagonistas e a reconstituição de carreiras.
Adicionalmente a compulsão da documentação papal permitirá, em muitos dos casos, completar o conhecimento dos percursos de mobilidade através da cristandade.
Em termos metodológicos a abordagem, por vezes casuística ou individual que se propõe, permitirá o estabelecimento de leituras comparativas e de âmbito mais global sobre o papel e a influência do clero junto às monarquias peninsulares. Da mesma forma, procura-se conhecer melhor os níveis privilegiados de intervenção, desde a capela régia ao aparelho administrativo e os agentes responsáveis por essa influência, em especial através dos estudos da importância e da amplitude das redes que cruzavam o espaço eclesiástico das cristandade europeia. Sendo esta uma temática que se insere numa tradição historiográfica presente em contextos historiográficos precisos e indicados na revisão da literatura e estando este projeto articulado com um grupo de investigação de âmbito europeu, deveremos ter em linha de conta a variedade assinalável de abordagens já existentes. Abordagens , em alguns casos casuísticas, mas noutros que fornecem linhas de interpretação e de análise que serão tidas em conta e que se refletem no perfil de consultores científicos escolhidos. No que respeita especificamente à constituição da equipa esta procura congregar não apenas alguns investigadores já com obra reconhecida na ou nas áreas em análise, mas também jovens investigadores em processo de formação e cujos trabalhos secundam aspetos particulares desta análise.
ILUMHEBRAICA – Iluminura Hebraica em Portugal durante o século XV
PTDC/EAT-HAT/119488/2010
Unidade de Investigação: Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Unidade de Investigação associada: IEM-FCSH/NOVA
Investigador Responsável: Luís Urbano Oliveira Afonso
Equipa de investigação: Paulo Jorge Soares Mendes Pinto, Paulo Jorge Farmhouse Simões Alberto, Susana Rute de Oliveira Soares Bastos Mateus, Maria Adelaide da Conceição Miranda, Catarina Fernandes Barreira, Maria Alice da Silveira Tavares
Bolseiros de investigação: Tiago Moita e Luís Ribeiro
Duração: 2012-2015
Marcador do projeto (divulgação em inglês)
IEM como entidade de acolhimento
FRONTOWNS – Pensar em grande sobre as pequenas vilas de fronteira: Alto Alentejo e Alta Extremadura leonesa (séculos XIII – XVI)
PTDC/HAR-HIS/3024/2020
Unidade de Investigação: IEM-NOVA FCSH
Unidades de Investigação associadas: CHAM-NOVA FCSH; IHC-NOVA FCSH
Instituições participantes: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FL/ULisboa); Inesc Tec – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC): Universidad de Extremadura (UEX); École des hautes études hispaniques et ibériques / Casa de Velázquez (EHEHI/ CVZ).
Instituições associadas: Câmara Municipal de Castelo de Vide, Ayuntamiento de Cáceres
Investigadora responsável: Adelaide Millán da Costa
Investigador co-responsável: Gonçalo Melo da Silva
Equipa de investigação: Adelaide Millán da Costa (IR); Gonçalo Melo da Silva (Co-IR); Ana Santos Leitão; Ana Filipa Roldão; António Castro Coelho; Daniel Alves; Elena de Ortueta Hilberath; Florencio-Javier García Mogollón; Inês Lourenço Olaia; Joana Vieira Paulino; João Nisa; José Fabián Cuesta Gómez; Julian Clemente Ramos; Leonel Caseiro Morgado; Luis Clemente-Quijada; Luísa Trindade; Pau Soto; Pedro Pinto; Sara Prata
Consultor: Jean-Luc Fray
Duração: 2021-2024
Este projeto desenvolve-se em 2 abordagens confluentes. A primeira visa identificar o papel desempenhado por pequenas vilas na articulação de um território de fronteira entre Portugal e Castela, e na relação com espaços mais distantes, explorando todos os vínculos e fluxos que entre esses povoados se estabeleçam, viabilizados ou obstruídos pelas condições geográficas, materiais, políticas ou mentais. Para visualizar e potenciar os resultados, utiliza-se uma base de dados georreferenciada já existente (Mercator -e), incorporando novos layers de acordo com variáveis de conectividade exploradas.
A segunda perspetiva de análise fixa-se no estudo e reconstituição da evolução do espaço urbano de duas destas vilas, Castelo de Vide e Cáceres. Esta vertente da abordagem articula-se com a modelação e animação em 3D, com o objetivo de observar como os fluxos e os vínculos se refletem no espaço urbano destas duas vilas: reconstituindo as áreas de mercado, de trocas, de convivialidade, de decisão, de representação, bem como as vias e os terreiros e a sua relação com o tecido residencial.
A vinculação à sociedade encontra-se na essência deste projeto, dada a larga trajetória de trabalho conjunto entre as universidades envolvidas e as vilas da região.
Livros, rituais e espaço num Mosteiro Cisterciense feminino. Viver, ler e rezar em Lorvão nos séculos XIII a XVI
PTDC/ART-HIS/0739/2020
Unidade de Investigação: IEM-NOVA FCSH
Instituições participantes: LAQV REQUIMTE, NOVA FCT; Laboratório Hércules, Universidade de Évora; CESEM NOVA FCSH
Instituições associadas: CEHR-UCP; Torre do Tombo
Investigadora responsável: Catarina Fernandes Barreira
Investigadora co-responsável: Conceição Casanova
Equipa de investigação: Catarina Fernandes Barreira (IR), Conceição Casanova (Co-IR), Catarina Pereira Miguel, Alberto Medina de Seiça, Ana Tourais, Catarina Pinheiro, Catarina Tibúrcio, Diana Martins, Isabel Pombo Cardoso, Gonçalo Melo da Silva, João Luís Inglês Fontes, Jonathan Wilson, Luís Filipe Oliveira, Luís Miguel Rêpas, Maria da Conceição Oliveira, Maria Filomena Andrade, Mário Farelo, Mercedes Pérez Vidal, Miguel Metelo de Seixas, Paula Cardoso, Paulo Catarino Lopes, Rui Araújo, Silvia Scardina e Zuelma Chaves
Consultores: Manuel Pedro Ferreira, Maria do Rosário Morujão e Teresa Quilhó
Duração: 2021-2024
O projeto tem como objetivo estudar, de forma interdisciplinar, os códices litúrgicos iluminados que fizeram parte da biblioteca do Mosteiro de Lorvão, a primeira casa cisterciense feminina em Portugal, contribuindo para a integração dos estudos monásticos nacionais nos estudos de género, no período compreendido entre os inícios do século XIII e os finais do século XVI, num corpus de cerca de três dúzias de códices.
Pretendemos analisar este corpus, por um lado, em termos materiais, isto é, as características do códice desde a decoração iluminada, pigmentos/tintas e pergaminho usados, até os materiais e métodos da encadernação, passando pelo levantamento do seu estado de conservação e adições/alterações sofridas, contribuindo para a história do livro e da conservação; por outro, em termos litúrgicos e de conteúdo, caracterizando os seus usos e tipos de circulação no mosteiro, bem como o papel das monjas na encomenda e na formação/conservação desta biblioteca. Este estudo interdisciplinar vai fornecer dados que possam contribuir para o levantamento de hipóteses no que diz respeito à caraterização do scriptorium ou scriptoria de origem dos códices e suas particularidades, bem como perceber se a liturgia praticada em Lorvão durante a vigência feminina revela traços identitários e/ou submeteu-se à unanimidade litúrgica cisterciense.
IEM como entidade de acolhimento (concluídos)
CISTERHOR – Horizontes cistercienses. Estudar e caracterizar um scriptorium medieval e a sua produção: Alcobaça. Identidades locais e uniformidade litúrgica em diálogo
PTDC/ART-HIS/29522/2017
Unidade de Investigação: IEM-NOVA FCSH
Instituições participantes: LAQV REQUIMTE, NOVA FCT; Laboratório Hércules, Universidade de Évora
Instituições associadas: CEHR-UCP; Biblioteca Nacional de Portugal; DGPC/Mosteiro de Alcobaça
Investigadora responsável: Catarina Fernandes Barreira
Investigadora co-responsável: Conceição Casanova
Equipa de investigação: Catarina Fernandes Barreira (IR), Conceição Casanova (Co-IR), Ana Lemos, Catarina Pereira Miguel, Catarina Tibúrcio, Gonçalo Melo da Silva, João Luís Inglês Fontes, Jonathan Wilson, Luís Miguel Rêpas, Maria da Conceição Oliveira, Maria Filomena Andrade, Paula Cardoso, Paulo Catarino Lopes, Rita Araújo, Rita Castro e Zuelma Chaves.
Consultores: José Francisco Meirinhos e Teresa Maria Gonçalves Quilhó Marques dos Santos
Duração: 2018-2021
Nos últimos anos, o estudo dos scriptoria cistercienses tem produzido novos conhecimentos e perspetivas: este projeto pretende discutir e colocar o caso português nesta corrente historiográfica europeia, através do estudo do scriptorium do Mosteiro de Alcobaça, entre os finais do século XII e o XVI. Tem como objetivo o estudo e a datação dos manuscritos litúrgicos iluminados do scriptorium de Alcobaça, num corpus constituído por 50 códices. A abordagem interdisciplinar pretende, por um lado, estudar os manuscritos na sua materialidade (características da decoração iluminada, estudo dos pigmentos e da estrutura das encadernações) e, em simultâneo, estudar o seu conteúdo litúrgico (em articulação com as orientações de Cister e a influência do contexto local), desde finais do século XII até os inícios do século XVI.
A escolha deste tipo de manuscrito prende-se com a sua finalidade: eram os manuscritos mais importantes que os scriptoria monásticos produziam, indispensáveis à celebração diária dos ofícios, a partir dos quais se organizava a vida dos monges. Em Alcobaça sobreviveu um número significativo deste tipo de manuscritos, ao contrário de outras abadias, o que abrirá novas perspetivas em termos da possibilidade de os datar com mais precisão e consequentemente caracterizar a evolução dos materiais e técnicas de produção do codex no âmbito do scriptorium, ao longo de quatro séculos.
Pretende-se inserir este estudo de caso no contexto mais lato da produção cultural cisterciense europeia e responder a novas questões: qual o papel de Alcobaça no contexto global europeu? A liturgia seguida em Alcobaça foi identitária ou segue o modelo cisterciense? Existe uma identidade artística em Alcobaça em termos da produção iluminada ou a ornamentação destes manuscritos comunga a estética e a materialidade do contexto francês, nomeadamente da casa-mãe, Claraval? As encadernações originais de Alcobaça são específicas deste Mosteiro ou exibem elementos comuns a outras abadias? Como evoluíram estes códices em termos de conteúdo e materialidade e a que influências esteve permeável o scriptorium? A resposta a estas questões permitirá um novo enfoque sobre os manuscritos iluminados produzidos ou adquiridos por Alcobaça.
O IR e os membros da equipa, com experiência na produção de conhecimento para a academia e na disseminação e transferência do conhecimento junto do público não especializado, dispõem das competências necessárias para a prossecução deste projeto. Destaca-se o esforço de networking e de inclusão nas redes de estudos cistercienses dos últimos anos. Os resultados serão publicados em revistas internacionais especializadas, com revisão por pares e divulgados em congressos nacionais e internacionais e numa base de dados em acesso aberto. Está prevista uma exposição, a edição de um livro e um congresso internacional. As estratégias de transferência de conhecimento contam com a participação direta de duas instituições fundamentais, a BNP e o Mosteiro de Alcobaça.
Marcador do projecto (divulgação em inglês)
FALCO – Formulando o relacionamento entre humanos e outras espécies em Portugal medieval
EXPL/HAR-HIS/1135/2021
Unidade de Investigação: IEM-NOVA FCSH
Instituições participantes: Câmara Municipal de Salvaterra de Magos – Falcoaria Real ; Laboratório de Arqueociências – Direcção Geral do Património Cultural
Investigador responsável: Tiago Viúla de Faria
Investigador co-responsável: Rémy Cordonnier
Equipa de investigação: Tiago Viúla de Faria (IR), Rémy Cordonnier (Co-IR), Alice Tavares, Ana Paiva Morais, Ana Sirgado, André Silva, Carlos Pimenta, Diana Martins, Fabio Barberini, Filipa Soares, Filipe Alves Moreira, Hélder Carvalhal, Joana Ramôa, Sónia Gomes
Consultores: Aleks Pluskowski, Baudouin Van den Abeele, José Manuel Fradejas
Duração: 2022
A principal premissa do Projecto FALCO é potenciar a investigação multidisciplinar acerca da relação entre o ser humano e outras espécies no Portugal medieval, mediante a exploração dos laços históricos com um grupo animal específico, as aves de rapina.
Incluindo as famílias “falconidae” e “accipitridae”, as aves de rapina incluem variadas espécies. Os investigadores e consultores do projeto são especialistas em questões-chave no estudo das aves e do homem medieval. O grupo irá analisar especificamente as várias vertentes dessas ligações. Será dada atenção às fontes primárias conhecidas, empregando abordagens metodológicas consagradas e outras a desenvolver, com vista a determinar o potencial, bem como os limites, de determinados tipos de registos históricos, de acordo com as abordagens empregues.
Findo o projeto, e como resultado das atividades de investigação e do debate científico, pretende-se alcançar uma base metodológica sólida para a investigação (abrangente e interdisciplinar) das relações homem-animal na Idade Média, concebida transversalmente entre temas e disciplinas.
Contacto: falco@fcsh.unl.pt
IMAGO
POCTI/EAT/45922/2002
Unidade de Investigação: IEM/FCSH-NOVA
Unidades de Investigação associadas: Centre National de la Recherche Scientifique, Paris; École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris; Museo de Pontevedra
Investigadores principais: José Custódio Vieira da Silva e Maria Adelaide da Conceição Miranda
Equipa de investigação: Luís Manuel Correia de Sousa, Joana Ramôa, Ana Lemos e Ragnilde Boe
Duração: 2005-2009
O projeto IMAGO tem como objetivo a criação de um centro de iconografia medieval, a partir de uma investigação sistemática de acordo com um plano previamente definido. A inexistência de um centro deste tipo em Portugal, é reconhecidamente, no domínio da História da Arte uma grande lacuna. A sua principal finalidade é centralizar, estudar e divulgar a iconografia medieval.
Este centro deverá igualmente estimular a pesquisa na área de arte medieval e colocar o nosso país no lugar que lhe é devido junto da comunidade científica internacional.
Este projeto está integrado nas atividades do Instituto de Estudos Medievais, onde as imagens são consideradas como um produto da memória social, sendo estudadas de acordo com o seu conteúdo e significado, num sistema cultural que é igualmente tratado por outras disciplinas, tais como a História e a Literatura. É, neste sentido, que o seu funcionamento basear-se-á num trabalho interdisciplinar, fundamental para a análise da dimensão temática das imagens e da sua interpretação cultural.
A primeira etapa consistirá na elaboração de um thesaurus descritivo de todas as imagens, começando pelos manuscritos iluminados e escultura tumular.
O registo das diferentes obras irão integrar uma base de dados, que se pretende sistemática e exaustiva e que permita cruzar toda a informação relevante. Neste sentido depois da seleção e levantamento das imagens será feita a sua catalogação à sua catalogação e digitalização de forma a criar um corpus de iconografia. A pesquisa consistirá em duas tarefas diferenciadas: a primeira numa recolha em bibliotecas e arquivos de todas as imagens disponíveis (material publicado ou on-line, CD-Rom), e a segunda no registo do material em estudo. Simultaneamente, proceder-se-á à recolha de fontes históricas, literárias, filosóficas e religiosas da imagem de modo a interpretá-la no campo mais vasto da civilização medieval.
Para ultrapassar as dificuldades que se podem colocar no que diz respeito ao copyright das imagens, estabelecer-se-ão protocolos com outras instituições culturais.
Finalmente os investigadores divulgarão os resultados do projeto em CD-Rom, no site do Instituto de Estudos Medievais, e através de monografias e outras publicações.
INVENTARQ – Inventários de arquivos de família, sécs. XV-XIX: de gestão e prova a memórias perdidas. Repensando o arquivo pré-moderno
EXPL/EPH-HIS/0178/2013
Unidade de Investigação: IEM-FCSH/NOVA
Unidades de Investigação associadas: CHAM, IHC, IICT
Instituições participantes: Casa de Velazquez, Laboratório I.T.E.M. (“Identités, territoires, expressions, mobilités” da Univ. de Pau et des Pays de l’Adour).
Investigadora Responsável: Maria de Lurdes Rosa
Equipa de investigação: Ana Canas; Ana Cortez de Lobão; Anne Goulet; Filipa Lopes; Filippo De Vivo; Joseph Morsel; Margarida Leme; Maria de Lurdes Rosa; Maria Isabel Ventura; Maria João Andrade e Sousa; Maria José Mexia Bigotte Chorão; Miguel Metelo de Seixas; Olivier Guyotjeannin; Patrícia Marques; Paulo Jorge Fernandes; Pedro Pinto; Randolph Head; Rita Nóvoa; Saul Gomes; Véronique Lamazou-Duplan
Duração: 2013-2015
Objetivos e resultados previstos:
- Estudar historicamente o contexto de produção e de uso de inventários de arquivos de família nobiliárquica de AR (história das famílias- história dos arquivos-história dos inventários);
- Descrever diplomática e arquivisticamente os mesmos e colocar as descrições em linha;
- Promover o estudo, reflexão e edição de um conjunto de estudos sobre a natureza dos inventários, do ponto de vista histórico-antropológico, arquivístico e epistemológico quanto aos usos historiográficos e arquivísticos.
De modo a assegurar a apresentação e disponibilização dos dados, a salvaguarda patrimonial dos inventários estudados, e a realização dos estudos analíticos em perspetiva interdisciplinar, foram previstos os seguintes produtos: base de dados online com acesso às descrições dos arquivos e dos inventários estudados (com recurso ao software ICA-AtoM e inclusão de digitalização de alguns inventários); encontro científico e oficina de investigação aprofundada (9 de fevereiro de 2015); exposição documental (a realizar de 28 de janeiro a 26 de março de 2016), com edição de catálogo.
JUSCOM – Juiz da Terra, Juiz de Fora (justiça e comunidades num período de transição: 1481-1580)
PTDC/EPH-HIS/4323/2012
Unidade de Investigação: IEM-FCSH/NOVA
Unidade de Investigação associada: CEG
Investigadora responsável: Adelaide Millán da Costa
Equipa de investigação: António Manuel Hespanha, Fernando Pinto da Rocha, Filipa Roldão, Jorge Trindade, José Subtil, Luís Miguel Duarte, Maria Helena da Cruz Coelho, Mário Farelo, Marta Gonçalves, Nuno Camarinhas e Vitor Rocio
Bolseiros de investigação: Diogo Nuno Machado Pinto Faria e Nuno Filipe Moura Rodrigues
Duração: 2013-2014
Este projeto pretende desmontar o processo pelo qual a coroa institui, de forma sistemática e permanente, a nomeação de juízes de fora letrados para os concelhos de maior importância, no reino de Portugal. Para tanto, identifica um corte temporal, correspondente grosso modo ao século XVI, que esteve até agora omisso na investigação. Os motivos desta ausência prendem-se com as divisões “de terreno” entre medievalistas e modernistas que acabam por estabelecer barreiras temporais nos estudos, menosprezando os períodos charneira. E, como é óbvio, a evolução paulatina da ordem jurídica e do funcionamento das instituições, ao longo do Antigo Regime, não se coadunam com cortes historiográficos artificiais.
Nestas circunstâncias, o projeto é inovador porque congrega especialistas das Época Medieval e Moderna, não para se aliarem numa pesquisa desenvolvida na long durée (sem abandonarem as respetivas cronologias, quanto muito aplicando uma grelha de análise similar) mas para partilharem a investigação de um curto período, um século, que é considerado em termos de evolução do aparelho judicial da coroa “terra de ninguém”. O projeto beneficia, ainda, do concurso de geógrafos especializados em Sistemas de Informação Geográfica (SIG), com o propósito de permitir acompanhar, em termos gráficos, a existência de alguma lógica espacial ou de tempos específicos no avanço da nomeação de juízes de fora.
Marcador do projecto (divulgação em inglês)
LITTERA – Edição, atualização e preservação do património literário medieval português
PTDC/ELT/69985/2006
Unidade de Investigação: IEM-FCSH/NOVA
Investigadora responsável: Graça Videira Lopes
Equipa de investigação: Nuno Júdice, Maria do Rosário Paixão, Manuel Pedro Ferreira
Duração: 2006-2011
O património literário da Idade Média portuguesa que chegou até nós integra um conjunto de textos que, pela sua qualidade e originalidade, representam um dos momentos altos da literatura e cultura portuguesas. Desaparecidos ou esquecidos durante vários séculos e só gradualmente redescobertos a partir de meados do século XIX, uma parte desses textos não foi ainda objeto de uma edição unificada completa e de um estudo integrado. O presente projeto propõe-se, pois, iniciar, de forma coerente, coordenada e cientificamente consistente, a edição, proteção e actualização desse património literário e cultural medieval, nas suas duas grandes vertentes: poesia e prosa narrativa. Dada a extensão do corpus possível, o projeto prevê várias fases. Assim, numa primeira fase, o projeto tomará como objeto inicial as cantigas dos trovadores e jograis. O que se segue é um breve resumo das atividades relativas a esta primeira fase.
Na verdade, e malgrado o notável trabalho dos seus primeiros editores (Carolina Michaëlis, José Joaquim Nunes ou Rodrigues Lapa), a que se tem progressivamente juntado o trabalho monográfico ou antológico de numerosos especialistas posteriores, tanto em Portugal como na Galiza, o certo é que não existe ainda, na atualidade, uma edição crítica integrada das cerca de 1680 cantigas trovadorescas que chegaram até nós.
Um dos objetivos deste projeto será, pois, o da concretização dessa edição, tendo particularmente em conta os novos meios técnicos de divulgação, nomeadamente os formatos digitais e a internet, prevendo-se não só uma leitura crítica atualizada da totalidade das cantigas (com edição em papel e em suporte digital) mas igualmente o acesso às respectivas versões manuscritas original (bem como índices de vocabulário e índices onomásticos desenvolvidos).
Esta vertente do projeto inclui ainda, nesta primeira fase, o acesso à dimensão musical das cantigas, quer no que diz respeito à sua música original (quando chegou até nós), quer procedendo a um levantamento de todas as gravações que dela foram feitas até ao momento (com recurso a contrafacta ou a música autónoma). Todos os materiais serão igualmente disponibilizados ou indicados on-line (no último caso, quando, por questões de direitos, não for possível a sua disponibilização).
STEMMA – Do canto à escrita – produção material e percursos da lírica galego-portuguesa
PTDC/LLT-EGL/30984/2017
Unidade de Investigação: IEM-NOVA FCSH
Instituições participantes: LAQV REQUIMTE, NOVA FCT; Biblioteca Nacional de Portugal
Investigadora responsável: Graça Videira Lopes
Investigadora co-responsável: Maria João Melo
Equipa de investigação: Graça Videira Lopes (IR), Maria João Melo (Co-IR), Manuel Pedro Ferreira, José António Souto Cabo, Maria Ana Ramos, Ana Raquel Baião Roque, Paula Sofia Nabais, Tatiana Ferreira Vitorino.
Duração: 2018-2021
Os testemunhos escritos da lírica medieval galego-portuguesa que chegaram até nós são apenas cinco: três cancioneiros – o Cancioneiro da Ajuda (A), códice medieval ricamente iluminado mas inacabado, e duas cópias italianas do século XVI (B e V) de um grande cancioneiro medieval desaparecido – e dois fragmentos, o pergaminho Vindel (N) e o pergaminho Sharrer (T), ambos um único folio. A importância histórica e cultural do seu legado (as canções dos trovadores) contrasta fortemente com as lacunas que subsistem no que diz respeito a quase todos os aspetos da produção, transmissão e percurso posterior desses manuscritos.
Através de uma abordagem inovadora e multidisciplinar, o objetivo deste projeto é, pois, o de preencher essas lacunas, num estudo que juntará:
- no que toca a A, análises moleculares das iluminuras e tintas de escrita, complementadas por análises do mesmo tipo a serem realizadas em manuscritos ibéricos semelhantes (como as Cantigas de Santa Maria) com vista a elucidar aspetos essenciais mas ainda desconhecidos do códice, como a sua datação, condições e provável espaço de confeção, ou o seu percurso posterior;
- em relação às cópias italianas, análises internas (recolha de todas as pistas presentes nestas cópias e que possam fornecer informação sobre o manuscrito original), bem como análises externas (pesquisas sistemáticas em arquivos e bibliotecas, com destaque para o espólio de Angelo Colocci e também de uma figura cujo papel terá sido decisivo nesta questão, D. Miguel da Silva, bispo de Viseu, espólio em parte inédito).
Na fase final do projeto, e a partir dos dados recolhidos em 1 e 2, esperamos poder compreender melhor tanto os parâmetros da passagem do canto trovadoresco ibérico à escrita (agentes, datas, locais), como o desconhecido percurso posterior dos manuscritos (incluindo os desaparecidos), nomeadamente o papel que neste Stemma desempenharam importantes figuras do humanismo renascentista português e europeu.
A candidatura destes tão preciosos quanto frágeis manuscritos ao programa «Memória do Mundo» da UNESCO, candidatura a apresentar no final de 2019 pela Biblioteca Nacional de Portugal, com o apoio científico desta equipa, reforça os nossos objetivos.
Com uma equipa que reúne investigadores altamente especializados em análise laboratorial de manuscritos iluminados (com ênfase na análise molecular da cor e dos pigmentos) e alguns dos melhores investigadores das áreas da literatura e arte medievais, equipa cujos IR e co-IR têm já experiência em trabalho conjunto, este projeto decerto poderá atingir esses objetivos, dinamizando este riquíssimo património comum.
Por fim, gostaríamos de sublinhar que um estudo deste tipo, em particular no que diz respeito às análises a A, não tem paralelo com qualquer outro realizado até agora, tanto a nível europeu como mundial. Nesta medida, os dados recolhidos sobre as cores de A (e que serão partilhados numa base de dados) representarão também um instrumento fundamental para todos os investigadores que se ocupam da arte medieval.
Marcador do projecto (divulgação em inglês)
REGNUM REGIS – As inquirições de 1220 e a génese da memória documental do reino medieval português
POCTI/HAR/47271/2002
Unidade de Investigação: IEM/FCSH-NOVA
Investigadora responsável: Amélia Aguiar Andrade
Equipa de investigação: Amélia Aguiar Andrade, Bernardo Vasconcelos e Sousa, João Luís Fontes
Duração: 2004-2008
Antes do Numeramento de 1527-1532, são as atas das Inquirições Gerais dos séculos XIII e XIV que constituem as fontes mais completas e exaustivas para o inventário das comunidades, bens e poderes existentes no Portugal a norte do Mondego, tal como o têm vindo a demonstrar diversos estudos regionais e temáticos feitos com base nos mais importantes desses inquéritos, os de 1220, 1258 e 1288.
O presente Projeto propõe-se levar a cabo a edição crítica dos primeiros, os de 1220, já que, estando todos eles publicados ou em vias de publicação, são os que o foram de uma forma incompleta e, portanto, a necessitar de uma urgente revisão textual. De facto, a edição hoje disponível das atas das Inquirições Gerais de 1220, publicada, sob a direção de Alexandre Herculano, nos Portugaliae Monumenta Historica – Inquisitiones, não teve em conta a totalidade dos manuscritos disponíveis, nem responde às actuais necessidades de edição de um texto cuja consulta e utilização se tem revelado fundamental para um completo conhecimento do Portugal medieval de Duzentos.
Com efeito, a edição a efetuar não só procurará facultar a todos os investigadores e agentes culturais e de ensino um texto crítico e completo das atas das Inquirições de 1220, quer em suporte impresso, quer em informático, como se propõe apresentar índices que disponibilizem um conjunto completo e abrangente de informações e materiais susceptíveis de serem compulsados e aproveitados na prossecução do estudo das atas de todas as Inquirições dos séculos XIII e XIV, já que as suas edições não contemplam um semelhante tratamento e apresentação de texto.
Neste sentido, a publicação proposta acabará por facultar as bases de um esclarecimento mais rigoroso, cartografável e quantificável das questões levantadas pelas Inquirições Gerais de Duzentos e Trezentos, ao mesmo tempo que permitirá esclarecer um vasto conjunto de problemáticas decisivas para o conhecimento da realidade histórica portuguesa, como sejam as modalidades de povoamento, os comportamentos demográficos, os regimes de propriedade, os elementos ordenadores da ocupação do território (castelos, templos, paços e cercas amuralhadas), o exercício das justiças (comunitárias, senhoriais, régias), os modelos de fiscalidade, a diferenciação social, as marcas dos quotidianos rurais e urbanos, os sistemas de toponímia e antroponímia e o valor da escrita, do registo e do arquivo na defesa dos direitos e dos deveres político-sociais, para além de uma melhor compreensão do funcionamento das estratégias de afirmação local e regional do poder régio, bem como das tensões existentes entre centralização, senhorialismo e feudalidade.
Objetivos: Estabelecer a fixação do texto crítico latino das atas das Inquirições Gerais de 1220. Preparar a respectiva edição. Conceber e preencher uma base de dados a partir da informação disponível na edição das atas das Inquirições. Elaborar um glossário desse mesmo texto. Organizar e estabelecer os respetivos índices toponímico e institucional. Promover a disponibilização em CD ROM e na Internet de todos esses materiais. Realizar um Encontro nacional de reflexão em torno dos testemunhos das Inquirições de 1220. Organizar, no termo da vigência do Projeto, uma conferência internacional dedicada à análise histórica comparada da elaboração régia das primeiras memórias documentais de âmbito regional produzidas nos diversos reinos cristãos medievais de Duzentos.
IEM como entidade participante com dotação específica
iForal – Forais medievais portugueses: uma perspetiva histórica e linguística na era digital
PTDC/HAR-HIS/5065/2020
Unidades de Investigação: Centro de História (CH/FL/ULisboa), Centro de Linguística da Universidade de Lisboa (CL/FUL/ULisboa)
Investigadores responsáveis: Filipa Roldão (CH/FL/ULisboa), Co-IR Joana Serafim (CL/FUL/ULisboa)
Investigadores IEM-NOVA FCSH: Adelaide Millán Costa, Amélia Aguiar Andrade, Maria João Branco
Duração: 01-01-2021 – presente
Ao longo dos séculos XII e XIII, a construção do reino de Portugal centrada na definição de fronteiras territoriais, na delimitação de poderes e na estabilização sócio-económica dos seus habitantes, conheceu a contratualização escrita de relações jurídicas de longa vigência. Reis e senhores laicos ou eclesiásticos puserem por escrito a sua relação com as comunidades e definiram normas de convivência entre habitantes, como os seus direitos e deveres: esses escritos chamavam-se forais.
Considerando as cartas de foral outorgadas pelo poder régio, os chamados forais breves, este projeto visa reinterpretar a natureza destes documentos (circunstâncias de outorga e de transmissão textual) e a sua função no quadro amplo de relação entre os concelhos e a administração régia. Para tal, este projecto assenta numa ideia-chave: interdisciplinaridade. A História e a Linguística fornecerão à investigação as suas ferramentas conceptuais e metodológicas e as Humanidades Digitais as necessárias ferramentas instrumentais para potencializar resultados e tornar eficaz a sua pesquisa e divulgação. O grande objetivo instrumental do projeto é constituir um corpus de forais medievais portugueses, editado criticamente e de modo eletrónico, para reflexão histórico-linguística. Desse corpus farão parte os forais régios portugueses concedidos até 1279, as suas cópias e as traduções vernaculares produzidas até ao final do século XV. Para tal, desenvolveremos metodologias inovadoras, assentes em ferramentas semiautomáticas para a optimização das tarefas, disponibilizando os resultados do projeto em acesso aberto.
Mas, por que razão estudar forais medievais portugueses? Por que razão financiar em 2020 este projecto? Em primeiro lugar, existem razões de natureza eminentemente científica: o estudo dos forais antigos tem sido negligenciado em favor dos novos forais do século XVI (Reforma Manuelina), formal e materialmente mais atractivos para os historiadores; os estudos existentes ou se encontram demasiado dispersos por editoras com fraca capacidade de divulgação ou carecem de validação científica por serem, sobretudo, desenvolvidos não por historiadores, mas sim por eruditos locais. Em qualquer dos casos, não existe uma perspetiva de conjunto que olhe para a totalidade dos forais régios. Este projeto pretende ultrapassar esta lacuna.
Em segundo lugar, existem razões de natureza societal: em pleno século XXI, as comunidades locais e os poderes públicos (câmaras, arquivos, museus e escolas) continuam a comemorar a data de outorga do seu foral mais antigo, actualizando a memória e a identidade coletivas. O interesse pelo foral da terra justifica-se facilmente: nele, as comunidades conhecem as mais antigas formas de organização colectiva dos seus antepassados e a sua relação com os poderes instituídos, sobretudo com o rei, em questões de natureza política e fiscal, de justiça e de actividades económicas; mais, estes documentos permitem ainda uma aproximação aos recursos naturais disponíveis na comunidade e à sua exploração, e à paisagem e à topografia, ainda reconhecíveis hoje pelas comunidades.
Convictos de que este projeto assenta numa investigação cientificamente viável e necessária, e socialmente pertinente, a IR e a Co-IR apresentam a esta candidatura uma equipa com os melhores especialistas nacionais nas áreas da História Medieval (cidades, poder régio, cultura escrita), da Linguística (filologia, história da língua e crítica textual) e da Informática aplicada às Humanidades, investigadores e consultores internacionais de renome que assegurarão a fundamental comparação com outras historiografias, e um conjunto de investigadores juniores, que acompanharemos na sua formação avançada. A instituição proponente e as instituições participantes, espalhadas de Norte a Sul do país, e a Universidade de Lausanne fornecem garantias de robustez científica e de capacidade de gestão deste projecto, onde se retomam parcerias já bem estabelecidas e fundamentadas. O objeto de estudo deste projeto é disso um bom exemplo. O estudo dos forais medievais pela IR e Co-RI iniciou-se em 2005, contando já com várias publicações e apresentações públicas internacionais, assim como actividades de disseminação de conhecimento pela comunidade. Neste já longo percurso, a IR e a Co-IR, respetivamente especialistas das áreas de História e de Linguística, ensaiaram metodologias e reflexões sobre os forais medievais portugueses que, neste projecto, aprofundarão e desenvolverão ao serviço da ciência e da comunidade. Com este projeto, promove-se a salvaguarda de um dos mais antigos exemplos de património escrito dos poderes locais, das cidades e do Reino português, e, com a sua memória preparamos uma melhor resposta a alguns dos grandes objetivos das Nações Unidas para 2030, como o conhecimento sobre justiça, defesa, equidade, sustentabilidade económica e ecológica dos povos.
IGAEDIS – A aldeia histórica de Idanha-a-Velha: cidade, território e população na Antiguidade (séc. I a.C. – XII D. C.)
PTDC/HAR-ARQ/6273/2020
Unidade de Investigação: IEM-NOVA FCSH
Instituições Participantes: Câmara Municipal de Idanha-a-Nova; Universidade de Coimbra e Universidade Nova de Lisboa
Investigadores Responsáveis: Pedro C. Carvalho e Catarina Tente
Equipa de Investigação: Tomás Cordero Ruiz, Brais X. Currás, Ricardo Costeira da Silva, Adolfo Fernández, Patrícia Dias, José Cristóvão, Gabriel de Souza, Sofia Tereso, João Pedro Tereso, José Ruivo, Vera Pereira, Lídia Fernandes, Armando Redentor, Catarina Meira, Bruno Franco Moreno, Paulo Almeida Fernandes e Saul Gomes
Duração: 2017 – ativo
O projeto IGAEDIS – The historical village of Idanha-a-Velha: city, territory and population in ancient times (first century BC. – twelfth century AC), foi um dos três projetos em arqueologia que foi financiado no último concurso para projetos em todos os domínios científico da FCT (2020 Call for SR&TD Project Grants). O projeto resulta de uma parceria entre as Universidades de Coimbra, Universidade Nova de Lisboa, Câmara Municipal de Idanha-a-Nova e Direção Regional da Cultura do Centro. O projeto agora financiado é liderado por Pedro C. Carvalho do CEIS 20/UC e por Catarina Tente do IEM /NOVA FCSH e reúne uma equipa multidisciplinar e internacional de diversas instituições nacionais e internacionais. A equipa em conjunto procurará dar continuar ao estudo da aldeia histórica de Idanha-a-Velha (concelho de Idanha-a-Nova), que foi outrora cidade capital (Romana), sede de bispado (Suevo-Visigodo) e ainda centro nevrálgico dos Templários. A Aldeia Histórica, Monumento Nacional, onde hoje vivem cerca de 50 pessoas, foi possivelmente o lugar mais importante do atual interior português, entre o Tejo e o Douro, ao longo de quase 1.200 anos. Nesta aldeia permanecem importantes monumentos do seu legado histórico.
O projeto procura alargar a escala de intervenção de um projeto anterior (2016-2019) e tem os seguintes objetivos: 1) caracterizar a evolução urbanística da cidade antiga e dos seus territórios na longa diacronia (desde o século I a.C. ao XII); 2) conhecer padrões de produção e consumo da cidade e território; 3) estudar as populações antigas que ali habitaram. Metodologicamente o estudo da cidade antiga alicerça-se num plano de escavações arqueológicas a levar a cabo na área dos principais espaços públicos e permitirão determinar contactos culturais/comerciais preferenciais e as produções e consumos de bens, quer alimentares quer de bens quotidianos. O estudo do território na longa duração centrar-se-à nas estratégias de povoamento e exploração dos recursos e será feito de forma sistémica e integrada, recorrendo-se à análise SIG, à teledeteção e à prospeção.
O estudo das populações antigas será feito através da análise dos restos recuperados nas necrópoles, estando previsto o estudo antropológicos dos restos osteológicos bem como a sua análise química para aferir padrões alimentares e mobilidade, estando também prevista a extração e sequenciação de ADN.
Outro ponto forte é a divulgação e o retorno social do conhecimento. Importa envolver a população local, particularmente as escolas, em torno de um património que lhes pertence, contribuindo para o reforço da sua identidade e coesão social.
MedCrafts – Regulamentação dos mesteres em Portugal nos finais da Idade Média: séculos XIV e XV
PTDC/HAR-HIS/31427/2017
Unidades de Investigação: LAb2PT-Universidade do Minho, que lidera o projeto; CITCEM-Faculdade de Letras da Universidade do Porto; CHSC-Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra; IEM-NOVA FCSH; CH-Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; CIDEHUS-Universidade de Évora
Investigadores responsáveis: IR Arnaldo Sousa Melo (LAB2PT-Universidade do Minho), Co-IR Joana Sequeira (CITCEM-FLUP)
Investigadores IEM-NOVA FCSH: Amélia Aguiar Andrade, Mário Farelo, Gonçalo Melo da Silva, Ana Cláudia Silveira, Mário Viana e Diana Martins (Bolseira de Investigação)
Duração: 01-10-2018 a 30-09-2022
Este projeto pretendeu estudar a regulamentação da atividade dos mesteres nos finais da Idade Média, nomeadamente nos séculos XIV e XV, através da análise de várias cidades portuguesas, de diferentes regiões, numa perspetiva comparativa. O projeto visa promover uma visão integrada dos sistemas de regulação e das práticas sociais, colocando-os nos seus contextos sociais, económicos, jurídicos e políticos, centrando-se nomeadamente nas relações entre mesteirais e autoridades públicas. Através da análise desses regulamentos, do controlo e das suas práticas sociais pretendemos compreender e caracterizar a realidade das atividades artesanais no Portugal medieval. O foco nos regulamentos e no controle parece ser o melhor ponto de partida para estudar as realidades dos mesteres. Através do estudo da regulação e controle dos mesteres, visa-se aceder a outros aspetos das atividades artesanais, nomeadamente sua organização, estruturas de produção, inserção espacial e o papel político dos mesteres. O projeto que congrega seis unidades de investigação de seis universidades portuguesas e respetivos investigadores da área da História Medieval, juniores e seniores, incluindo alunos de doutoramento e de mestrados.
IEM como entidade participante com dotação específica (concluídos)
Beleza e significado da cor na iluminura medieval portuguesa
PTDC/EAT-EAT/104930/2008
Instituição proponente: Fundação da Faculdade de Ciências e Tecnologia
Instituições participantes: FCSH/NOVA; Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (IBET); Instituto de Ciências e Tecnologias Agrárias e Agro-Alimentares – Porto (ICETA-Porto/UP)
Unidades de Investigação associadas: Centro de Informática e Tecnologias de Informação (CITI/FCT/UNL); Instituto de Estudos Medievais (IEM/FCSH/UNL)
Investigadora Responsável: Maria João Melo
Equipa de investigação: Adelaide Miranda, Ana Alexandra Matias, Ana Lemos, Ana Luísa Claro, Ana Teresa Serra, António Eduardo Baptista, Catarina Pereira Miguel, Inês Abreu dos Santos, João Pedro Lopes, Mafalda Sarraguça, Maria da Conceição Casanova, Nuno Correia, Rita Carvalho, Rita Castro, Teresa Romão e Tânia Muralha.
Duração: 2009-2011
Os manuscritos iluminados medievais encontram-se entre os objectos artísticos mais valiosos da herança cultural europeia. Os códices portugueses datam da formação de Portugal como reino e são testemunhos das ideias, religião e política medievais. Santa Cruz de Coimbra, São Mamede do Lorvão e Santa Maria de Alcobaça são importantes no contexto da estratégia política régia, que passou pela criação de mosteiros para a manutenção da paz e da ordem social.
Neste projecto propomos explorar as questões relacionadas com o significado social da cor na iluminura medieval portuguesa, executada durante o séc. XII e o 1º quartel do séc. XIII nos mosteiros de Alcobaça, Lorvão e Santa Cruz. O uso e produção da cor na iluminura medieval portuguesa foi tanto uma consequência da tecnologia disponível como uma opção cultural e artística; ao definir as especificidades do seu uso e produção pensamos contribuir para determinar o legado das influências das culturas árabe judaica e cristã que coexistiram no Portugal Românico.
Este tema será tratado de um ponto de vista da história da arte e ciências moleculares, capaz de caracterizar os scriptoria e a sua evolução durante o séc. XII e o 1º quartel do séc. XIII. Começaremos por quantificar as cores dominantes e as suas combinações nos fundos nacionais; nomeadamente nos manuscritos de Alcobaça, Arouca, Lorvão e Santa Cruz. Procederemos, em seguida, a uma comparação com outros fundos internacionais. A quantificação será realizada através de uma análise digital das áreas de cor. Dado que o processo de degradação de uma tinta afeta a nossa percepção da cor, a sua caracterização a nível molecular é fundamental, de forma a evitar interpretações erróneas quanto ao significado e distribuição da cor nos manuscritos. Os ligantes, componente invisível da cor, podem igualmente ter uma influência fundamental na sua percepção e desempenham um papel chave nas mudanças de cor através dos tempos. Uma particular atenção será dada à sua completa caracterização através do uso de técnicas imunoenzimáticas que permitem a detecção de anticorpos/antigenes específicos, por exemplo o ensaio ELISA.
Pretendemos preparar um livro que descreva as descobertas mais importantes e os resultados da nossa investigação. Será considerada igualmente a possibilidade da criação de uma página Web em que os resultados possam ser divulgados. Exploraremos novos caminhos para difundir as nossas conclusões entre o público em geral, e muito particularmente junto das crianças, contribuindo para dar a conhecer a arte da iluminura medieval através da exploração das novas tecnologias interativas. Pretendemos desenvolver um sistema interativo que seja atraente, intuitivo e simples de usar, onde serão recriados os objetos físicos que foram utilizados, na vida real, na produção da iluminura medieval. Esta instalação simulará o processo criativo, abordando diversos aspectos, desde as fontes dos materiais e métodos de produção até à aplicação da cor e construção da imagem. Mostraremos igualmente o contexto histórico e social dessa época e revelaremos os significados das cores utilizadas e das imagens pintadas. Estas instalação interativa poderá facilmente ser utilizada em sítios culturais, enriquecendo uma exposição, ou em instituições onde os livros estão conservados.
DEGRUPE – A Dimensão Europeia de um grupo de Poder: o clero na construção política das Monarquias Peninsulares (sécs. XIII-XV)
PTDC/EPH-HIS/4964/2012
Unidade de Investigação: CIDEHUS
Unidades de Investigação associadas: IEM-FCSH/NOVA, Universidade Católica de Lisboa, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Universidade Complutense de Madrid, Universidade de Salamanca, Universidade de Lleida
Investigadora responsável: Hermínia Vilar
Equipa de investigação: Maria João Branco, Ana Jorge, Maria Helena Coelho, Amélia Álvaro de Campos, Rosário Morujão, Anísio Saraiva, Armando Carvalho Homem, Cristina Cunha, Hermenegildo Fernandes, André Leitão, Hugo Crespo, Óscar Villaroel González, José Luis Martin Martin e Flocel Sabaté
Bolseiro de investigação: Francisco Díaz
O projecto que se apresenta procura, num primeiro momento, refletir sobre o papel e a importância do clero, em especial, do clero secular na criação de um espaço de mobilidade e de circulação de modelos culturais e políticos extensível ao conjunto da christianitas europeia e, num segundo momento, de aprofundamento comparativo, ao nível do estudo de caso, do seu contributo para a construção das monarquias peninsulares: Portugal, Castela e Aragão.
Para tal estabelecemos 5 objetivos básicos:
1 – reconstituição dos universos de clérigos ligados às capelas régias dos reinos em análise, ao exercício de cargos administrativos junto aos monarcas ou em sua representação, nomeadamente junto ao poder papal;
2 – definição e análise dos circuitos de mobilidade peninsular e europeia do clero episcopal português e castelhano, atendendo aos circuitos de formação universitária, à detenção de benefícios em diferentes pontos da cristandade e ao exercício de cargos
na estrutura eclesiástica ou politica;
3 – compreensão do perfil social e cultural dos clérigos ligados à estrutura politica, apreender as tipologias de trajetórias e a articulação entre percurso eclesiástico e percurso politico entre os séculos XIII e XV e numa perspetiva comparada entre osdiferentes espaços peninsulares;
4 – aprofundar o conhecimento sobre as formas de influência e intervenção do clero no contexto da formação das monarquias peninsulares no contexto temporal definido;
5 – articular a investigação a realizar com o trabalho já desenvolvido no contexto do GDRE – At the Foudations of the Modern European State: the Legacy of the medieval clergy.
A concretização destes cinco objetivos parte da noção central da importância do clero como elemento primordial na fase de constituição e definição das monarquias peninsulares, a múltiplos níveis desde o da influência ao nível do campo jurídico e da construção da legitimação política, ao exercício de cargos administrativos e de representação externa e ao apoio espiritual .
Parte igualmente do pressuposto da necessidade de ler esta influência atendendo não apenas à importância e influência local ou nacional dos eclesiásticos, mas à sua inserção em redes que ultrapassavam as fronteiras politicas do reino e se estendiam, com maior ou menos profundidade, a diferentes espaços da cristandade. Neste contexto, procurar-se-á compreender o peso destas redes na definição dos percursos de mobilidade e dos modelos de carreira.
Por último, a justificação deste projeto filia-se ainda na necessidade de estudar, numa perspetiva comparada, os processos de formação das monarquias peninsulares e do papel do clero, o qual, apesar dos estudos já existentes e mencionados adiante no ponto referente ao estado da arte, deixam ainda em aberto, entre outros aspetos, a identificação de protagonistas, a definição
de trajetórias, a importância e funções da capela régia, as ilações e leituras passíveis de serem retiradas a partir de uma análise comparada e que ultrapassa as fronteiras politicas de um reino.
A concretização dos objetivos acima referido implicará a análise e consulta de documentação diversa, com destaque para a documentação de origem régia que permitirá a identificação prévia dos universos acima referidos. A esta junta-se a documentação dos fundos diocesanos, cujo volume e dimensão implicará uma heurística orientada de acordo com objetivos claros e visando a identificação de protagonistas e a reconstituição de carreiras.
Adicionalmente a compulsão da documentação papal permitirá, em muitos dos casos, completar o conhecimento dos percursos de mobilidade através da cristandade.
Em termos metodológicos a abordagem, por vezes casuística ou individual que se propõe, permitirá o estabelecimento de leituras comparativas e de âmbito mais global sobre o papel e a influência do clero junto às monarquias peninsulares. Da mesma forma, procura-se conhecer melhor os níveis privilegiados de intervenção, desde a capela régia ao aparelho administrativo e os agentes responsáveis por essa influência, em especial através dos estudos da importância e da amplitude das redes que cruzavam o espaço eclesiástico das cristandade europeia. Sendo esta uma temática que se insere numa tradição historiográfica presente em contextos historiográficos precisos e indicados na revisão da literatura e estando este projeto articulado com um grupo de investigação de âmbito europeu, deveremos ter em linha de conta a variedade assinalável de abordagens já existentes. Abordagens , em alguns casos casuísticas, mas noutros que fornecem linhas de interpretação e de análise que serão tidas em conta e que se refletem no perfil de consultores científicos escolhidos. No que respeita especificamente à constituição da equipa esta procura congregar não apenas alguns investigadores já com obra reconhecida na ou nas áreas em análise, mas também jovens investigadores em processo de formação e cujos trabalhos secundam aspetos particulares desta análise.
ILUMHEBRAICA – Iluminura Hebraica em Portugal durante o século XV
PTDC/EAT-HAT/119488/2010
Unidade de Investigação: Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Unidade de Investigação associada: IEM-FCSH/NOVA
Investigador Responsável: Luís Urbano Oliveira Afonso
Equipa de investigação: Paulo Jorge Soares Mendes Pinto, Paulo Jorge Farmhouse Simões Alberto, Susana Rute de Oliveira Soares Bastos Mateus, Maria Adelaide da Conceição Miranda, Catarina Fernandes Barreira, Maria Alice da Silveira Tavares
Bolseiros de investigação: Tiago Moita e Luís Ribeiro
Duração: 2012-2015
Marcador do projeto (divulgação em inglês)