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A FCT decidiu subsidiar os projetos de duas investigadoras integradas do IEM.
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Paula Cardoso foi selecionada para receber um contrato na categoria de Investigador Júnior com o projeto “Literary and Visual Cultures in the shaping of female conventual life (Portugal, c. 1400-1600)”. Focado no estudo da cultura conventual feminina medieval, este projeto procurará averiguar qual o papel da cultura literária e da cultura visual na prática religiosa das freiras portuguesas no final da Idade Média, prestando especial atenção à forma como os três fenómenos se relacionaram e interinfluenciaram na vida conventual.
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Sara Prata, também na categoria de Investigador Júnior, viu aprovado o projecto “Reshaping the countryside in the Early Middle Ages. Production systems, consumption patterns and peasant agency in western Iberia”. O projeto propõe-se analisar as transformações sociais, culturais, económicas e religiosas que tiveram lugar nos territórios rurais entre o final do Império Romano do Ocidente e a ocupação muçulmana, focando-se no Alto Alentejo e utilizando uma abordagem arqueológica (escavações; prospecções e SIG; cultura material; dados botânicos, polínicos e faunísticos).
Este projeto vem dar continuidade à investigação levada a cabo no território de Castelo de Vide e que permitiu identificar os vestígios materiais das comunidades rurais dos séculos VI a VIII, oferecendo uma primeira caracterização da restruturação do campo pós-romano. Utilizando o território do Alto Alentejo como zona de estudo ampliada, funcionando como case-study do ocidente peninsular, esta nova etapa de investigação considerará questões como a propriedade e o uso da terra, sistemas produtivos e redes de distribuição e o equilíbrio entre a agência das comunidades camponesas e a emergência de elites locais. Funcionará também como uma plataforma de formação académica avançada para alunos de arqueologia, promovendo a sua participação nas tarefas de investigação, bem como a realização de novas teses de mestrado e doutoramento sobre o território.
Este projeto tem ainda uma forte componente de retorno social ao considerar a integração da comunidade local e instituições em todas as fases da investigação, e promovendo a noção de que o património arqueológico pode ser uma ferramenta ativa no desenvolvimento das áreas rurais do interior.