A terceira sessão do ciclo Manuscritos de Alcobaça II decorrerá no dia 11 de Maio, e conta com as conferências de Conceição Casanova (FCT e REQUIMTE NOVA) e de Paulo Catarino Lopes e Catarina Fernandes Barreira, ambos investigadores do Instituto de Estudos Medievais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (IEM-NOVA FCSH).

1ª Conferência:
“Registo da materialidade do códice Alcobacense como método para a sua preservação futura”, por Conceição Casanova (FCT e REQUIMTE NOVA)

O estudo do livro medieval e da sua encadernação, enquanto objeto tridimensional, tem envolvido perfis académicos e estudiosos muito distintos, desde historiadores, codicologistas, bibliotecários/arquivistas, conservadores-restauradores, entre outros. Estes diferentes especialistas, não só têm abordagens distintas, como recorrem a diferentes metodologias e terminologia, o que dificulta a partilha e circulação de informação e a construção de um corpus de conhecimento transversal, que nos permita realizar estudos de proveniência e datação fidedignos. Isto é sobretudo relevante, neste caso, em que os objectos que sobreviveram até hoje, sem alterações, são raras. Por outro lado, os estudos tem-se focado essencialmente na aparência do objeto e na sua riqueza decorativa, sendo escassas as descrições sobre a estrutura como técnica de costura, empaste, cobertura que constituem os elementos identitários de ‘um modo de fazer’, próprio de uma oficina e/ou artesão. O conjunto de códices Alcobacenses constitui pois uma fonte de conhecimento inigualável, pelo número de objetos que sobreviveram sem alterações significativas. Interessa porém realizar um estudo comparativo para definir especificidades e compreender níveis de influência, no quadro da produção do livro medieval Europeu. Para isso é fundamental criar um método de registo padronizado, que permita caracterizar as diferentes tipologias, através de uma descrição material e técnica exaustiva, usando uma terminologia comum. Esta ferramenta é ainda fundamental como meio de salvaguarda futura, caracterizando os elementos identitários destes objetos tridimensionais e permitindo a partilha de conhecimento.

2ª Conferência:
Sejaes fortes a fazer bem e em ello perseverar: o Mosteiro de Alcobaça ao tempo do abade D. Estevão de Aguiar”, por Paulo Catarino Lopes (IEM-NOVA FCSH) e Catarina Fernandes Barreira (IEM-NOVA FCSH)

A apresentação centra-se no abaciado de D. Estevão de Aguiar (1431-1446), um abade reformador, cuja nomeação não foi pacífica, e que introduz no Mosteiro de Alcobaça um conjunto de mudanças. É nossa intenção dissertar sobre as mudanças sentidas no scriptorium do Mosteiro de Alcobaça – que textos se copiam – mas também analisar algumas alterações que introduz na Liturgia praticada no Mosteiro. Nesse sentido, iremos contextualizar do ponto de vista histórico o percurso de D. Estevão de Aguiar entre a Itália e Portugal, sublinhando, nomeadamente, a relação com D. Gomes Eanes, o célebre Abade de Florença, e as principais figuras da dinastia de Avis, que à época apoiavam convictamente a introdução no reino de Portugal de medidas reformistas ao nível religioso.