A iniciativa “Vínculo do Mês” apresenta o morgadio de Valongo, localizado em Pinhel, onde, entre as povoações de Sorval e Santa Eufémia, corre um vale dilatado, por isso denominado Valongo. Aí fundaram Sancho Martins e Maria Domingues, em 1357, um vínculo com sede numa quinta situada a meio do vale. Na ausência de descendência, o casal fazia de uma série de bens “um ajuntamento para saúde de nossas almas para todo o sempre”, doando-o a Vicente Domingues, o Moço, irmão da fundadora, para que com eles este lhes mandasse “dizer em cada um ano por nossas almas doze missas”. Mais precisavam os fundadores que, por morte do primeiro administrador, o património passaria para seu filho mais velho e assim sucessivamente ou, na ausência de filhos, para o parente mais próximo, sempre com o mesmo encargo pio “por nossas almas e daqueles cujos forem”.

De facto, ao primeiro administrador seguiram-se, sempre de pai para filho, Fernão Vasques (mais provavelmente Fernão Vicente), João Fernandes e João Matela; a este sucedeu seu irmão Pedro, pai dos referidos Bartolomeu e António Matela. Este último foi, assim, 6.º morgado de Valongo. Nesta sucessão, João Fernandes foi casado com Branca Matela, de quem os descendentes tomariam o apelido que durante séculos se tornou distintivo da família. Tanto assim que, por um lado, diversas obras genealógicas definem estes Metelos como sendo “de Valongo” ou “de Sorval”; e, inversamente, o morgadio é por vezes designado como sendo “dos Metelos”.

O morgadio de Valongo, permitindo a concentração de património, terá sem dúvida contribuído para a consolidação do percurso de ascensão da família. Mas a antroponímia também desempenhou o seu papel neste mesmo sentido: por um lado, permitindo a afirmação da individualidade e antiguidade da linhagem; por outro, a partir do século XVI, dotando este apelido de uma nova grafia (Metello ou Metelo) que efabulava a ligação à antiga estirpe romana homónima. Igualmente relevante foi o recurso a um emblema heráldico evocativo da esfera cavaleiresca, patente nas moletas e esporas de ouro, figuras respectivamente do escudo e do timbre desta família; bem como a posse de uma torre em Freixeda do Torrão (cerca de 25 km a nordeste da quinta de Valongo), datável do século XV, à qual se veio depois adossar um solar, ficando por isso o conjunto conhecido como “torre-solar dos Metelos”.

Para conhecer em detalhe este vínculo, visite a página com toda a informação sobre este vínculo do mês. Pode ainda conhecer os outros vínculos entretanto disponibilizados, em: https://www.vinculum.fcsh.unl.pt/entail-of-the-month

Também poderá participar nesta iniciativa ao deixar a sua sugestão para futuros vínculos do mês e outras informações sobre vínculos de que disponha. Para isso poderá entrar em contato com o projeto no endereço eletrónico: vinculum@fcsh.unl.pt.

O projeto VINCULUM conta com o financiamento do European Research Council (ERC) e é liderado por Maria de Lurdes Rosa, Professora da NOVA FCSH e investigadora do Instituto de Estudos Medievais, distinguida com a primeira Consolidator Grant na área da História, atribuída pelo ERC a um investigador português.