O vínculo do mês de junho é sobre o morgadio de Castelo Branco, o Novo, instituído por Nuno Vaz de Castelo Branco e Joana Juzarte em 1442
O morgadio de Castelo Branco “O Novo”, fundado na quinta do mesmo nome, situada em Pirescoxe, Santa Iria de Azóia, é um dos melhores exemplos de instituições vinculares que traduzem a importância do presente sobre o passado, através da assunção de uma “identidade fundadora” forte.
A iniciativa “Vínculo do Mês” apresenta neste mês de junho o morgadio de Castelo Branco, o Novo, instituído em Pirescoxe, Santa Iria da Azóia. A 31 de outubro de 1442, Nuno Vaz de Castelo Branco e a sua mulher, Joana Juzarte, sem herdeiros e já no ocaso das suas vidas, fundam o morgadio na quinta de Castelo Branco, o Novo, e nomeiam como administrador o primeiro filho varão de um dos irmãos de Nuno, Lopo.
O que vem a herdar este sobrinho dos fundadores representa um passo em frente no processo de definição do que virá a ser o morgadio do período de esplendor da instituição, em Portugal: vastas propriedades em local de valor económico forte; sede numa residência apalaçada– dita “cabeça de morgado” -, inserida numa propriedade que é expressamente referida como “quinta e assentamento de Castelo Branco o Novo”; por fim, um extenso desenho da figura do herdeiro, obrigado a porte de armas, apelido, anexação de terça a cada geração, perfeitas capacidades mentais para a gestão do bens, penalizações para incumprimentos.
Merece detalhe a forma como se expressa e materializa esta consciência linhagista, pensada a partir do presente e para o futuro. As cláusulas definidoras do herdeiro são acompanhada de justificações nesse âmbito: o morgadio “(…) é começo da honra da dicta linhagem dos de Castelo Branco; os sucessores “ todos sse chamen de castel branco e doutro solar nem linhagem nom; e tragam ssuas armas direitas sem outra mestura nem deferença e nom as tragendo assi e tragendo-as doutra guisa e mestura e chamamdo-sse doutro apelido e linhagem, que non alam nem possam auer o dito moorgado”.
A preferência simbólica pelo paço localizado em Pires Escouche, tal qual sonhada pelo casal fundador, seria deslocada para outros núcleos, como o Paço de Belas, o qual, a partir de meados de Setecentos, passa a beneficiar da proximidade da Corte. Nova vida ganhou, porém, o velho “Paço”: hoje classificado como imóvel de interesse público, foi objeto de vastos trabalhos de recuperação por parte da Câmara Municipal de Loures em 2001, localizando-se aí desde então a Galeria Municipal do Castelo de Pirescoxe.
Para conhecer em detalhe este vínculo, visite a página com toda a informação sobre este vínculo do mês. Pode ainda conhecer os outros vínculos entretanto disponibilizados, em: https://www.vinculum.fcsh.unl.pt/entail-of-the-month
Também poderá participar nesta iniciativa ao deixar a sua sugestão para futuros vínculos do mês e outras informações sobre vínculos de que disponha. Para isso poderá entrar em contato com o projeto no endereço eletrónico: vinculum@fcsh.unl.pt.
O projeto VINCULUM conta com o financiamento do European Research Council (ERC) e é liderado por Maria de Lurdes Rosa, Professora da NOVA FCSH e investigadora do Instituto de Estudos Medievais, distinguida com a primeira Consolidator Grant na área da História, atribuída pelo ERC a um investigador português.