Judit Gutiérrez de Armas, investigadora do IEM, ganha prestigado prémio de investigação na Austrália
A Australian Society of Archivists anunciou na sua Conferência Anual a atribuição do prémio Sigrid McCausland Emerging Writers Award 2020 a Judit Gutiérrez de Armas, pelo artigo “Archival practices in Early Modern Spain: transformation, destruction and (re)construction of family archives in the Canary Islands” (2020) publicado na revista “Archives and Manuscripts”, da editora Taylor & Francis (vol. 48, nº1, Janeiro-Março 2020), indexada em diferentes índices internacionais, entre os quais o JCR.
O prémio Sigrid McCausland Emerging Writers Award reconhece o melhor trabalho de estudantes pós-graduados ou doutorados nos últimos três anos que tenham publicado um artigo na revista Archives and Manuscripts. Neste caso, a publicação galardoada foi precedida de dois momentos de peer-review (proposta e texto), num contexto altamente competitivo, aberto pela revista, com o objectivo de dar a conhecer os “emerging scholars” na área da Arquivística. Foram submetidas 73 propostas, vindas de todo o mundo e aceites 15 (publicação nos vols. 46, nº 3 e 48, nº1 – 2018 e 2020).
Uma investigação de Arquivística Histórica
Neste estudo, Judit Gutiérrez de Armas analisa os processos de transformação dos arquivos de família nas Ilhas Canárias entre os séculos XVI e XVIII. Através da análise das práticas arquivísticas de várias famílias como o Salazar de Frías, Hoyo Solórzano, Lercaro, Castillo, Sopranis ou Van Emden, entre outras, a autora analisa os diferentes episódios de destruição, roubo ou apreensão de arquivos em situações de conflito social, político, militar ou familiar, e mesmo em desastres naturais como a erupção do vulcão Arenas Negras em 1706, que destruiu o arquivo dos Condes de Siete Fuentes. O trabalho procurou explicar como as famílias lidaram com a reconstrução dos seus arquivos, instrumentos fundamentais para a defesa do seu património e a elaboração da sua memória familiar.
Com uma combinação de métodos qualitativos aplicados a inventários, protocolos e livros de família e o estudo quantitativo da “genealogia do documento”, Judit Gutiérrez de Armas demonstra que vários arquivos familiares nas Ilhas Canárias são o resultado de processos de reconstrução desenvolvidos nos séculos XVII e XVIII.
Este não é o primeiro reconhecimento recebido por esta investigação de Arquivística Histórica, uma vez que já foi reconhecida com o Prémio de Investigação “Agustín de Betancourt” 2020 da Fundación CajaCanarias.
Judit Gutiérrez de Armas é doutorada em História, ramo de Arquivística Histórica, em co-tutela internacional pelas universidades de La Laguna e Nova de Lisboa (2019). Membro do Instituto de Estudos Medievais desde 2017, faz parte do grupo ARQ. FAM (Arquivos de Família) dirigido pela Professora Maria de Lurdes Rosa, no âmbito do qual desenvolveu a sua tese de doutoramento “El fondo Conde de Siete Fuentes: la construcción de la memoria de linaje y la identidad aristocrática a través de un archivo de familia (siglos XVI-XX)”, financiada pela FCT, dirigida pelos Professores Juan Ramón Núñez Pestano e María de Lurdes Rosa e premiada com o Prémio Extraordinário de Doutoramento pela Universidade de La Laguna (2020). Historiadora, possui um Mestrado em Documentação, Biblioteca e Gestão de Arquivos da Universidade Complutense de Madrid (2013), um Mestrado em Formação Docente da Universidade Europeia das Canárias (2020) e é perita universitária em Genealogia e Arquivos da Universidade de Córdoba (2018). Actualmente é Professora de História Moderna na Universidade de La Laguna.