O prémio Agustín de Betancourt é atribuído anualmente a investigação realizada no arquipélago canarino, que contribua para o avanço e renovação do estudo de diferentes disciplinas. Na sua edição de 2020, o prémio preconizava a atribuição a uma  publicação de excelência na área das Artes e Humanidades, que tivesse contribuído para uma melhor compreensão e divulgação das expressões plásticas, idiossincráticas e linguísticas do ser humano.

O artigo premiado foi  publicado na revista Archives and Manuscripts da Society of Australian Archivists / Taylor & Francis (vol. 48, nº1, Janeiro-Março 2020), indexada em diferentes índices internacionais, entre os quais a Scopus.  A publicação foi precedida de dois momentos de peer-review (proposta e texto), num contexto altamente competitivo, aberto pela revista, visando dar a conhecer os “emerging scholars” na área da Arquivística.  Foram submetidas 73 propostas,  vindas de todo o mundo e aceites 15 (publicação nos vols. 46, nº 3 e 48, nº1 – 2018 e 2020).

A investigação analisa as transformações causadas por factores naturais e/ou humanos nos arquivos familiares, explicando como, em casos de danos ou destruição, as famílias levavam a cabo a reconstrução dos seus arquivos para gerir e defender o seu património e memória familiar. Com base num método misto de análise qualitativa dos inventários, protocolos e livros de fazenda e no estudo quantitativo da “genealogia do documento”, a investigação mostra que a reconstrução dos arquivos familiares estava fortemente ligada a conflitos sociais, políticos, militares e familiares. Salienta também a ligação entre o quadro jurídico, o contexto social e cultural da Espanha moderna e a adopção de novas práticas arquivísticas para a conservação e gestão dos documentos pelas famílias, práticas essas que parecem fazer parte de uma progressiva inclusão das ilhas no contexto a que Antonio Castillo chamou a “Nova Cultura dos Arquivos” para a Espanha continental.

Judit Gutiérrez de Armas é doutorada em História, ramo de Arquivística Histórica, em co-tutela internacional pelas universidades de La Laguna e Nova de Lisboa (2019). Membro do Instituto de Estudos Medievais desde 2017, ela faz parte do grupo ARQ. FAM (Arquivos de Família) dirigido pela Professora Maria de Lurdes Rosa, no âmbito do qual desenvolveu a sua tese de doutoramento “El fondo Conde de Siete Fuentes: la construcción de la memoria de linaje y la identidad aristocrática a través de un archivo de familia (siglos XVI-XX)”. O doutoramento, financiado pela FCT, e sediado no IEM, foi dirigido pelos Professores Juan Ramón Núñez Pestano e María de Lurdes Rosa e premiado com o Prémio Extraordinário de Doutoramento pela Universidade de La Laguna (2020). Historiadora, possui um Mestrado em Documentação, Biblioteca e Gestão de Arquivos da Universidade Complutense de Madrid (2013), um Mestrado em Formação Docente da Universidade Europeia das Canárias (2020) e é perita universitária em Genealogia e Arquivos da Universidade de Córdoba (2018). Foi Professora de História Moderna na Universidade de La Laguna.

Legendas das fotografias:
Imagem 1: Dra. Judit Gutiérrez de Armas e D. Alfredo Luaces, diretor geral da Fundación CajaCanarias.
Imagem 2: Professor Dr. Juan Ramón Núñez Pestano (esquerda), Dra. Judit Gutiérrez de Armas (centro) e Professor Dr. Ernesto Pereda de Pablo, vice-reitor de investigação da Universidade de La Laguna (direita)