O último Seminário de Estudos Medievais do ano será dedicado ao tema “O sacro imperador Maximiliano I e a Casa de Avis:  notas sobre as relações político-diplomáticas e dinásticas luso-alemãs  na viragem do século XV para o século XVI”, e estará a cargo de Jürgen Pohle. O seminário decorrerá no dia 13 de dezembro, pelas 16h00, em modalidade online.

Maximiliano nasceu em 1459, fruto do casamento do sacro imperador romano-germânico, Frederico III, da Casa de Habsburgo, com a princesa portuguesa, D. Leonor, irmã de D. Afonso V e de D. Fernando, duque de Beja e Viseu. Maximiliano era, portanto, primo direito dos futuros reis de Portugal, D. João II e D. Manuel I. Em 1486, Maximiliano foi eleito “rei dos romanos” em Frankfurt, ascendendo ao trono do sacro império após a morte de Frederico III, em 1493.

Durante quase toda a vida o imperador manteve fortes relações com os seus familiares da Casa de Avis. Com D. João II, Maximiliano I criou laços amigáveis que ganharam os seus contornos mais evidentes em 1494. Em Junho desse ano, os dois monarcas prometeram mutuamente eterna amizade e aliança em caso de guerra nos denominados Capitolos de Pazes. A aliança serviu a Maximiliano para manifestar os seus interesses político-dinásticos em Portugal, particularmente na iminente questão da sucessão. Este contrato perdeu, no entanto, a sua validade já no ano seguinte devido à morte do rei português e não foi renovado após a subida de D. Manuel I ao trono de Portugal. Aparentemente, as boas relações diplomáticas até aí existentes entre as Casas de Habsburgo e de Avis esfriaram, pois Maximiliano havia reclamado também a herança da coroa portuguesa. Apenas no ano de 1499 se constata um primeiro indício de um entendimento e de uma retomada das relações diplomáticas entre as duas dinastias. Neste ano, o Venturoso informou orgulhosamente o seu primo acerca dos resultados da primeira viagem de Vasco da Gama à Índia. É de notar que Maximiliano seguia, desde os anos 90 do século XV, atentamente o desenvolvimento da Expansão Portuguesa. Paralelamente ao seu crescente interesse nos Descobrimentos Portugueses, intensificaram-se as relações político-dinásticas entre o imperador e a Coroa de Portugal. A partir de finais da primeira década de Quinhentos, D. Manuel e Maximiliano procuraram fortalecer os laços familiares entre as suas dinastias, preparando o casamento da arquiduquesa Eleonore (D. Leonor) com o príncipe D. João ou com outro infante português. Além deste projecto matrimonial, o rei português tentou encaminhar, a longo prazo, o casamento da sua filha, D. Isabel, com o neto de Maximiliano, Carlos, príncipe herdeiro de Espanha e futuro imperador. Ainda em vida de Maximiliano, que faleceu em 1519, realizou-se o casamento de Eleonore com D. Manuel. Este enlace marcou o início de uma série de matrimónios dinásticos entre as Casas de Habsburgo e de Avis que se concretizaram nas décadas seguintes e que influenciaram fortemente a história política da Europa no século XVI.

Jürgen Pohle nasceu em Trier/ Alemanha em 1965. Estudou História e Geografia na Albertus-Magnus-Universität zu Köln (Colónia). Doutorou-se, em 2000, com uma tese sobre a Alemanha e a expansão marítima portuguesa nos séculos XV e XVI. Exerceu funções de docente na Universidade Autónoma de Lisboa Luís de Camões (2000-06) e na Universidade Atlântica/ Oeiras (2000-14). Foi investigador do Centro Interuniversitário de Estudos Germanísticos (CIEG/ Universidade de Coimbra, 2004-06) e bolseiro de pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (2010-15) e da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa (2016-19). É, desde 2009, investigador integrado do Centro de Humanidades (CHAM). Actualmente desempenha as funções de investigador doutorado contratado, ao abrigo da Norma Transitória (Lei n.º 57/2017), na FCSH da Universidade NOVA de Lisboa. Nesta qualidade desenvolve um projecto intitulado «Ultrapassar fronteiras – alargar horizontes. Linhas de força do comércio luso-alemão no alvorecer da Modernidade».

É autor de vários livros e artigos, sobretudo referentes à história das relações luso-alemãs na Idade Moderna.