Para o Seminário de Estudos Medievais de março, o IEM apresenta a comunicação Bilinguismo poético e monogamia política: Fernan Garcia Esgaravunha, Punnei eu muit’en me quitar (A126/B241)”, pelo Dr. Fabio Barberini. 

 

Abstract:
A cantiga d’amor de Fernan Garcia Esgaravunha Punnei eu muit’en me quitar (A126/B241) sempre chamou a atenção por duas razões. A primeira razão diz respeito ao estatuto linguístico dos dois últimos versos do refrão: francês? provençal? uma inserção mista em língua galo-românica? A segunda razão afeta a interpretação global do texto: um hino à fidelidade inabalável do amante diante de uma senhor distante e inatingível? uma “chanson de changesui generis (quase um “escarnho d’amor”) que ao jurar fidelidade numa outra língua nega a veracidade do próprio juramento? Após uma revisão crítica das propostas de leitura até agora avançadas, a intervenção pretende responder à seguinte pergunta: dado que o Esgaravunha (nascido Fernan Garcia de Sousa) pertencia à poderosa família dos Sousas, que apoiou D. Afonso III no conflito que o opôs a D. Sancho II para o trono português, será possível que o refrão bilingue da cantiga tenha também um segundo sentido de natureza política? 

Nota biográfica do orador:
Fabio Barberini é doutor em Filologia Românica pela Università de Messina, Itália (2014), onde defendeu uma tese sobre a poesia política dos trovadores provençais. Actualmente é investigador contratado pela Universitat de Girona (Institut de Llengua i Cultura Catalanes) ao abrigo do programa de ajuda para a incorporação de investigadores doutorados “Beatriu de Pinós” financiado pela Generalitat de Catalunya, e responsável do projeto Trob-IBEl trobar a les corts ibèriques / Trobar in the Iberian Courts. Anteriormente, foi investigador contratado pelo CNRS na Université de Toulouse 2 “Jean Jaurès” (2016-2017), pela Università di Chieti-Pescara (2018) e pela Universidade Nova de Lisboa/FCSH/IEM (2019-2021). Desde 2013, é membro da Equipa Editorial de “Cultura Neolatina”. As suas principais linhas de investigação centram-se nas literaturas medievais provençal, francesa e portuguesa.