Se o presente influencia, de forma indelével, a historiografia produzida em cada época, a atual crise sanitária condiciona duplamente – quanto à escolha do tema e quanto às circunstâncias de realização – o próximo encontro da Rede das Pequenas Cidades no Tempo, a ocorrer na primavera de 2021.

Assim, convidam-se todos os investigadores interessados a participar no Colóquio Pequenas Cidades e Saúde (da Idade Média à Época Contemporânea): assistência médica, instituições sanitárias e políticas urbanas de higiene, a realizar nos dias 6, 7 e 8 de maio de 2021, de acordo com a evolução da pandemia, em formato presencial, em Castelo de Vide (Portugal), semi-presencial ou exclusivamente virtual.

O objetivo do presente encontro é o de avaliar como e em que grau as sociedades e as autoridades (quer as centrais quer as locais), conseguiram ou não promover, nas pequenas cidades: (i) a preocupação pela saúde coletiva, através do recrutamento de pessoal médico; (ii) a fundação ou investimento continuado em estabelecimentos hospitalares e instituições de assistência; (iii) as regulamentações de higiene ou de protecção contra as epidemias.

É certo que existem inúmeras obras gerais e monográficas, desenvolvidas tanto no âmbito da história da medicina, das instituições hospitalares e assistenciais ou das políticas de saúde, como no quadro da história das cidades; contudo, a maioria refere-se a grandes centros urbanos, cujas infraestruturas sanitárias são visíveis e/ou os arquivos bem conhecidos e explorados desde há longo tempo.

É assim conveniente, de acordo com as premissas da Rede, iniciar a reunião e organização de inúmeras informações sobre este tema, relativas a pequenas unidades urbanas, muitas vezes dispersas em trabalhos de estudantes ou em publicações locais e regionais, e tentar responder à questão: existe, nesta matéria como noutras, uma especificidade da resposta das pequenas cidades?

É crível que a problemática sanitária dos centros urbanos de pequena dimensão poderá ter-se traduzido tanto na constituição de redes (pelo menos de informação, no caso das epidemias) e de fenómenos de imitação de diretrizes camarárias, quanto no estabelecimento de relações com as grandes cidades próximas (por exemplo, as dotadas de instituições de ensino na área da saúde).

Os finais da Idade Média e a Primeira Modernidade introduzem o tópico da inserção das estratégias sanitárias implementadas nas pequenas cidades no quadro das políticas gerais dos Estados em construção. Em períodos mais recentes, para além de a saúde e a higiene passarem a mobilizar os governos, o legislador, a imprensa, a opinião pública, mais tarde as associações e, por vezes, os tribunais, verificam-se profundos desenvolvimentos como: (i) as primeiras campanhas de vacinação, (ii) a secularização crescente do sistema de saúde, (iii) a profissionalização da cirurgia e a penetração dos agentes de saúde nas mais pequenas vilas e nas zonas rurais; (iv) o peso crescente da investigação, das indústrias farmacêuticas e dos equipamentos de saúde.

A panóplia de questões levantadas nesta apresentação do colóquio pode ser concretizada em comunicações de tipo monográfico, regional ou comparativo, vocacionadas para a análise de fontes e /ou produção científica já disponível ou, ainda, em investigações inovadoras, eventualmente sob a forma de works in progress.

Aceitam-se propostas de sessão, comunicação e póster no âmbito dos seguintes painéis temáticos:

  1. As políticas de higiene e de saúde pública nas pequenas cidades: a ação dos governos locais e da administração central.
  2. Redes urbanas em contextos epidémicos: fatores de propagação e estratégias de combate
  3. As estruturas de saúde e de assistência nas pequenas cidades: marcas no urbanismo, registo material, instituições e agentes.
  4. A memória dos tempos de epidemia nas pequenas cidades: revisitações literárias e identitárias.

 

 

Organização: Instituto de Estudos Medievais (IEM – NOVA FCSH), CHAM – Centro de Humanidades (CHAM – NOVA FCSH), Instituto de História Contemporânea (IHC – NOVA FCSH), Câmara Municipal de Castelo de Vide e Rede das Pequenas Cidades no Tempo

Comité organizador: Adelaide Millán da Costa (UAb; IEM-NOVA FCSH), Adelino Cardoso (CHAM – NOVA FCSH), Fabián Cuesta-Gómez (IEM – NOVA FCSH), Helena da Silva (IHC – NOVA FCSH), Patrícia Martins (CMCV) e Sara Prata (IEM-NOVA FCSH)

 

Mais informações: smallcities.network@gmail.com