Com organização dos investigadores do IEM, Miguel Seixas e Maria Alessandra Bilotta, o Colóquio Internacional “Cartas de Brasão de Armas: Heráldica, Iluminura, Codicologia, Arquivística, Direito e Arte” decorrerá entre os dias 10 e 12 de outubro, em Santarém, em eventos distribuídos entre a Biblioteca Municipal “Braamcamp Freire” e o auditório da Casa do Brasil.

Embora as fontes iconográficas atestem a prática da doação de armas por um senhor a um seguidor já no final do século XII, os primeiros registos de concessões heráldicas por uma autoridade principesca surgem em Itália e em França no primeiro terço do século XIV, principalmente a favor de cidades e comunas. A partir desta época, com forte incremento no final do século XIV, a prática generalizou-se na maior parte das cortes soberanas da Europa, beneficiando indivíduos, oficiais, prelados e servidores do príncipe, novos cavaleiros e nobres, bem como pessoas colectivas, tais como conventos, confrarias, cidades e comunas.

A partir do início do século XV, as chancelarias elaboraram diversos formulários diplomáticos específicos para este tipo de favor principesco e produziram sumptuosos diplomas iluminados. O processo de concessão de um brasão de armas desenvolveu-se então e foi-se tornando mais complexo, com várias etapas, algumas das quais ainda documentadas, que envolvem cartas de pedido, desenhos dos emblemas propostos, inscrição nos registos da chancelaria e da fazenda, e cópias de prestígio guardadas pelos destinatários. A criação destas cartas de armas envolveu também cada vez mais pessoas: conselheiros e familiares do Príncipe, agentes da chancelaria e da fazenda, arautos e genealogistas reais, pintores e calígrafos.

Não obstante a importância numérica, política, social, artística e simbólica destes documentos, os historiadores têm-lhes dedicado escassa atenção até à data. Felizmente, projectos de investigação recentes e uma política mais sistemática de digitalização e de acesso em linha começaram a extrair tais documentos do limbo arquivístico. No entanto, o número exato de elementos conservados nos arquivos europeus continua por determinar e o seu conhecimento deve ser promovido. Este esforço coletivo será um dos objectivos do presente colóquio, que reúne especialistas em acervos europeus para promover este património e incentivar o seu estudo e preservação.

Estas cartas de armas serão analisadas de várias formas, incluindo estudos monográficos contextuais, que analisam tais documentos no contexto de espaços políticos, períodos ou reinados específicos; estudos sociais dos beneficiários; análises diplomáticas relacionadas com os formulários utilizados e com os processos de registo e validação; abordagens relacionadas com o direito, a história da arte e a iluminura; e, evidentemente, considerações heráldicas e emblemáticas sobre os produtos destas concessões.

Este colóquio é uma co-organização do IEM com a Câmara Municipal de Santarém e com diversas instituições universitárias estrangeiras – École Pratique des Hautes Études (Paris), Universidad Rey Juan Carlos (Madrid), Lund University, Imafo (Academia das Ciências de Viena) -, integrando-se em diversos projectos científicos (Oficina de investigação IUS ILLUMINATUM, Managing Maximilian, Dexvir, Roadmap), contando ainda com o apoio da firma LMT – Consultores em História e Património e da Academia Cabral Moncada.

Comissão organizadora:

Miguel Metelo de Seixas (IEM – NOVA FCSH),
Maria Alessandra Bilotta (IEM – NOVA FCSH),
Laurent Hablot (EPHE),
José Antonio Guillén Berrendero (URJC),
Andreas Zajic (AAS – IMR),
Martin Sunnqvist (LU),
Luís Mata (CMS)