A quinta sessão do Ciclo de Conferências: Manuscritos de Alcobaça decorrerá no dia 7 de Julho, e conta com as conferências de Aires Augusto Nascimento e de Maria Adelaide Miranda:

1ª Conferência
“Scriptorium de Alcobaça: identidade e identificação ou o processo do livro na instituição monástica”, por Aires Augusto Nascimento (Academia das Ciências de Lisboa e Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa)

Tendo-me sido solicitada exposição sobre o tema, pretendo problematizar a questão para examiná-la na sua identidade de origem e no seu processo desenvolvido em comunidade cisterciense do século XII, tempo em que há novidade na instituição monástica e na relação com o livro. Voltaremos a questões que nos ocuparam ao longo anos e procuraremos rever problemas que nos ocuparam na identificação de técnicas librárias para insistir na aquisição de categorias de análise codicológica (descritiva e interpretativa), com metodologia firmada, para aplicação pertinente que assegure conclusões fundamentadas. O processo do livro em Alcobaça deve levar em conta a história do seu scriptorium, como unidade funcional, nas suas variáveis temporais: “do scriptorium sem biblioteca à biblioteca sem scriptorium” (G. Cavallo); reclama atenção a procedimentos, sem forçar conclusões, na tentativa de chegarmos a descortinar o significado cultural de uma experiência do livro em comunidade monástica e suas relações com a cultura envolvente.

2ª Conferência
“Os manuscritos iluminados e o projecto global da construção monástica em Santa Maria de Alcobaça”, por Maria Adelaide Miranda (Departamento de História da Arte e Instituto de Estudos Medievais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa)

O conjunto de cerca de 160 manuscritos iluminados, produzido em Santa Maria de Alcobaça num período que abarca o último quartel do séc. XII e o primeiro do séc. XIII, insere-se num projecto global de construção monástica. O mosteiro, fundado por iniciativa régia em 1153, com obras iniciadas em 1179, adopta a planta de Claraval III e é exemplo de uma monumentalidade raramente edificada entre nós no período medieval. Monumento fundamental para a introdução do gótico em Portugal expressa de forma notável a espiritualidade cisterciense. Pretendemos reflectir sobre a relação entre a construção arquitectónica e escultórica gótica, a sua evolução e a produção de manuscritos iluminados que designámos por românicos. Colocar em causa esta designação aplicada ao conjunto dos manuscritos com base na caracterização dos elementos ornamentais e figurativos é o objectivo desta comunicação.