Coleção Oliveira Marques

Sobre a colecção digital

Nota biográfica

 

A. H. de Oliveira Marques (1933-2007)

Historiador e professor catedrático, de nome completo António Henrique Rodrigo de Oliveira Marques. 

Frequentou os liceus Camões e Gil Vicente, em Lisboa.  Em 1956 licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, apresentando uma dissertação intitulada A Sociedade em Portugal nos séculos XII a XIV. 

Depois de ter estagiado na Universidade de Wüfrzburg (Alemanha) iniciou funções docentes em 1957, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde se doutorou em História em 1960 (junho), com a dissertação Hansa e Portugal na Idade Média. 

Em 1962 participou na greve académica, ao lado dos estudantes, o que esteve na base do seu afastamento da Universidade portuguesa. 

Em 1965, partiu para os Estados Unidos da América, lecionando como professor associado e catedrático nas universidades de Auburn, Florida, Columbia, Minnesota e Chicago, e percorrendo grande parte daquele país como conferencista. Em 1970 regressou definitivamente a Portugal, embora só depois do 25 de Abril de 1974 se lhe voltassem a abrir as portas da Universidade portuguesa. 

De outubro de 1974 a abril de 1976 foi Diretor da Biblioteca Nacional de Portugal (à época designada BNL). 

Em 1976 (julho) tomou posse do lugar de professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa, sendo nomeado Presidente da Comissão Instaladora (1977 a 1980) da recém-criada Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e, posteriormente, eleito Presidente do Conselho Científico, de 1981 a 1983 e de 1984 a 1986. 

Foi Presidente do Ano Propedêutico no ano letivo de 1977-1978. 

Entrando para a Maçonaria, ainda durante o período da clandestinidade (1973), desempenhou ação de relevo naquela instituição, sendo eleito seu Grão-Mestre Adjunto (1984-86) e seu Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho de Grau 33 (1991-94). 

Em 1997 recebeu o doutoramento honoris causa pela La Trobe University, Melbourne, Austrália. Em 1998 foi condecorado pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade. 

O número total das suas obras de tomo ultrapassa 60 volumes. A colaboração, com artigos, em revistas, dicionários e enciclopédias ultrapassa o milhar. Proferiu numerosas conferências em universidades da Europa, Estados Unidos, Brasil e Argentina. 

O seu livro mais famoso é a História de Portugal inicialmente em dois volumes e refundido depois em três (1981), que atingiu já 15 edições em língua portuguesa e que foi traduzido para espanhol, francês, inglês, japonês e polaco; duas versões (mais ou menos) abreviadas saíram também em alemão, chinês, francês, inglês, italiano, português e romeno (algumas dessas versões com mais de uma dezena de edições). 

Devem-se-lhe a introdução ou a difusão em Portugal de temas históricos, alguns deles em franco desenvolvimento hoje: história da vida quotidiana, história urbana medieval, história das técnicas, história do clima, história dos animais, história da 1.ª República Portuguesa, história da Maçonaria Portuguesa, etc. Deve-se-lhe também a adaptação ao caso português de conceitos muito utilizados além-fronteiras, mas pouco correntes, então, em Portugal, como o de Feudalismo e o de Fascismo. Quase toda a sua obra, aliás, encontra-se repleta de ideias novas, num esforço de internacionalização e sobretudo europeização de estruturas e conjunturas antes limitadas ao caso português. 

Foi um dos fundadores do Centro de Estudos Históricos – UNL e seu diretor, de 1980 a 1992. O C.E.H. consciente da carência de fontes históricas – de fácil utilização –, desenvolveu, sob a sua direção (política continuada, depois), um trabalho sistemático ao nível da sua leitura, fixação e divulgação, contribuindo para o desenvolvimento da historiografia, bem como para o acelerar da respetiva investigação. Entre essas publicações de Fontes, começou as das «Chancelarias Portuguesas», e as das «Cortes Portuguesas», procurando preencher uma lacuna, sentida desde há muito pelos investigadores, sobretudo quando se compara a realidade portuguesa com a demais Europa. (O C.E.H. não concorreu, nos últimos anos, a fundos exteriores, pelo que não está integrado nos atuais Centros de Investigação apoiados).