Durante séculos, o património religioso construído desempenhou um papel essencial na formação de valores sociais, econômicos, ambientais e culturais. Através de tradições religiosas maiores ou menores, esta expressava uma forma particular de compreender a vida, a condição humana, o mundo, abrindo-o ao mistério, em busca do sentido último da vida. Grutas, povoados eremíticos, capelas, mosteiros, conventos, igrejas e catedrais dialogaram com o seu meio natural, sejam lugares montanhosos ou solitários, vales férteis, centros periféricos ou urbanos. A procura do Sagrado, da alteridade absoluta, que está presente ou pode ser vivida em lugares específicos, levou ao desenvolvimento das peregrinações e dos itinerários associados. Hoje em dia, a memória desses lugares tende a ser apagada. A secularização de muitos conventos, igrejas ou mosteiros, bem como o abandono ou subutilização de outros, conduziu à perda de valores materiais. Por outro lado, parte significativa deste património a sua compreensão enquanto unidade (por exemplo, no caso dos mosteiros, a relação entre os espaços de oração, o quotidiano e a clausura) ou a sua ligação a um determinado ambiente natural e social panorama. Estas edificações e paisagens específicas precisam ser repensadas à luz dos desafios contemporâneos. 

A conferência estrutura-se em torno de dois temas principais, de forma a compreender os valores históricos e atuais destes lugares e como podem moldar o futuro, através de um conhecimento renovado e de novas formas de os tornar culturalmente significativos: 

1. História da experiência religiosa; 

2. Futuro do Património Religioso. A conferência visa estabelecer a plataforma para uma abordagem multidisciplinar sobre o tema, reunindo e cruzando história, arquitetura, arquitetura paisagística, patrimônio cultural, história da arte, ciência da computação, entre outros. 

A conferência de três dias será acolhida pelo Mosteiro de Santa Maria da Vitória, no concelho da Batalha. Este é um antigo mosteiro dominicano, por iniciativa da dinastia de Avis no final do século XIV. O complexo é reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO em 1983, há exatos 40 anos. A conferência será uma oportunidade de vivenciar este lugar impressionante, compartilhando conhecimento, pensando e debatendo em torno de nosso patrimônio histórico comum. 

Chamada de trabalhos entre 1 de Fevereiro e 31 de Março de 2023. 

Organização: DINÂMIA’CET-IUL (ISCTE-IUL); Instituto de Estudos Medievais (NOVA FCSH); CHAIA (Universidade de Évora); Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR-UCP); Mosteiro da Batalha / DGPC

Coordenação: Rolando Volzone, Joaquim Ruivo e João Luís Fontes 

Apoiro:
Centro Studi Cherubino Ghirardacci, CEPAE, ESACH, Câmara Municipal da BatalhaMunicipal Council

Parceiros:
Pedra&Cal, Thema, European Heritage Tribune