Orador: Etelvina Fernández González

No contexto da Europa atual, em que a mulher ocupa, cada vez mais, um papel preponderante em diversos campos – como a ciência, a arte, as atividades literárias e políticas –, tendo vindo a alcançar uma progressiva independência a todos os níveis, o exemplo de Cristina de Pisano antecipa, em vários séculos, esta situação. Nesse sentido, será proveitoso analisar o passado para melhor compreender o presente. A sua figura é, sem dúvida, um exemplo extraordinariamente relevante do papel que a mulher assumiu e assume atualmente na sociedade.

Cristina de Pisano nasceu em Veneza, em 1364, e morreu em Poissy, nos arredores de Paris, em 1430. Cresceu no seio de uma família culta e foi educada no ambiente intelectual e refinado da corte dos Valois. Aprendeu italiano e francês e conhecia o latim. Dedicou-se à vida intelectual, à escrita, tendo sido a primeira mulher que, em França, viveu desta atividade. Foram precisamente os seus escritos que a tornaram célebre.

Redigiu A Cidade das Damas entre dezembro de 1404 e abril do ano seguinte. Trata-se de uma «história de mulheres» complexa, destinada à defesa do género feminino, sendo a obra mais conhecida da escritora, talvez pelo seu conteúdo e pela época em que viu a luz do dia. Da sua análise, fica claro que a obra pode ser entendida como um argumento a favor das mulheres e contra a misoginia que prevalecia nos ambientes intelectuais do final da Idade Média. É ainda essencial ter em conta que esta obra recebeu influências de fontes antigas e de escritos contemporâneos, transmitindo, tanto no texto escrito como nas iluminuras dos seus manuscritos, uma imagem da sua criadora como uma mulher culta e inteligente que deu grande valor ao mundo das artes

Esta sessão decorre no âmbito do ciclo seminários «Tesouros em Pergaminho – A coleção de manuscritos iluminados ocidentais de Calouste Sarkis Gulbenkian», resultado de uma parceria entre o Museu Calouste Gulbenkian e o Instituto de Estudos Medievais (IEM) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH).


Organização: Museu Calouste Gulbenkian; IEM-NOVA FCSH

Entrada gratuita mediante levantamento de bilhete