Já nos anos 70 G. Battelli chamava a atenção para a influência da chancelaria pontifícia sobre as diversas chancelarias europeias, que se devia, naturalmente, ao facto de ser o órgão encarregado da produção documental da comunicação proveniente da Santa Sé dirigida às monarquias reinantes. Nos finais dos anos 90, José Marques apresentou um primeiro estudo sobre a influência das bulas papais na documentação portuguesa, que procurou reunir informações dispersas nessa altura disponíveis. Acreditamos contudo que uma análise mais minuciosa e uma reflexão mais abrangente baseadas em elementos que marcam o aparato externo de determinados documentos, ajudam a tornar percetíveis as circunstâncias em que se desenvolveram práticas de chancelaria que procuravam transmitir uma ideia de poder e autoridade que, no caso das chancelarias régias e sobretudo nos primórdios da nacionalidade, importava afirmar. Assim, mais importante que determinar em que circunstâncias, ou de que modo, a influencia pontifícia se fez sentir nos documentos régios portugueses, um retorno a esta problemática obriga a uma reflexão sobre várias questões, que poderão apontar alguns caminhos que permitam melhor compreender os usos das chancelarias medievais no nosso país até meados do século XIII.

Sobre a oradora:
Professora Associada com Agregação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Investigadora integrada da Unidade I&D CITCEM (Centro de Investigação  Transdisciplinar “Cultura, Espaço, Memória”), colaboradora do CEHR (Centro de Estudos de História Religiosa, da Universidade Católica Portuguesa), vice Presidente da Comission Internationale de Diplomatique, Académica da Academia Portuguesa da História  e Sócia da Sociedade Portuguesa de Estudos Medievais (SPEM). Foi Coordenadora Científica do CITCEM entre Novembro 2011 e Maio 2017, e responsável pelo Projecto Estratégico (financiado pelo Programa COMPETE) de 2013 a Maio de 2017. Doutorada em História Medieval, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1999, com a Dissertação “A Chancelaria Arquiepiscopal de Braga 1071-1245”, e Agregada na mesma Faculdade em 2007. A actividade pedagógica tem sido centrada essencialmente em unidades curriculares de Paleografia e de Diplomática, bem como de História Medieval de Portugal.Orientou dissertações e teses (Mestrado e Doutoramento), sobre temáticas de Paleografia e de Diplomática Medievais e História Medieval de Portugal. Tem participado , como investigadora, em vários projectos, nacionais e internacionais, relacionados com Diplomática Medieval e com a história da Igreja medieval de Portugal.