Beleza e significado da cor na iluminura medieval portuguesa (PTDC/EAT-EAT/104930/2008)
Instituição proponente: Fundação da Faculdade de Ciências e Tecnologia
Instituições participantes: FCSH/NOVA; Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (IBET); Instituto de Ciências e Tecnologias Agrárias e Agro-Alimentares - Porto (ICETA-Porto/UP)
Unidades de Investigação associadas: Centro de Informática e Tecnologias de Informação (CITI/FCT/UNL); Instituto de Estudos Medievais (IEM/FCSH/UNL)
Investigadora Responsável: Maria João Melo
Equipa de investigação: Adelaide Miranda, Ana Alexandra Matias, Ana Lemos, Ana Luísa Claro, Ana Teresa Serra, António Eduardo Baptista, Catarina Pereira Miguel, Inês Abreu dos Santos, João Pedro Lopes, Mafalda Sarraguça, Maria da Conceição Casanova, Nuno Correia, Rita Carvalho, Rita Castro, Teresa Romão e Tânia Muralha.
Duração: 2009-2011
Resumo do Projecto: Os manuscritos iluminados medievais encontram-se entre os objectos artísticos mais valiosos da herança cultural europeia. Os códices portugueses datam da formação de Portugal como reino e são testemunhos das ideias, religião e política medievais. Santa Cruz de Coimbra, São Mamede do Lorvão e Santa Maria de Alcobaça são importantes no contexto da estratégia política régia, que passou pela criação de mosteiros para a manutenção da paz e da ordem social.
Neste projecto propomos explorar as questões relacionadas com o significado social da cor na iluminura medieval portuguesa, executada durante o séc. XII e o 1º quartel do séc. XIII nos mosteiros de Alcobaça, Lorvão e Santa Cruz. O uso e produção da cor na iluminura medieval portuguesa foi tanto uma consequência da tecnologia disponível como uma opção cultural e artística; ao definir as especificidades do seu uso e produção pensamos contribuir para determinar o legado das influências das culturas árabe judaica e cristã que coexistiram no Portugal Românico.
Este tema será tratado de um ponto de vista da história da arte e ciências moleculares, capaz de caracterizar os scriptoria e a sua evolução durante o séc. XII e o 1º quartel do séc. XIII. Começaremos por quantificar as cores dominantes e as suas combinações nos fundos nacionais; nomeadamente nos manuscritos de Alcobaça, Arouca, Lorvão e Santa Cruz. Procederemos, em seguida, a uma comparação com outros fundos internacionais. A quantificação será realizada através de uma análise digital das áreas de cor. Dado que o processo de degradação de uma tinta afecta a nossa percepção da cor, a sua caracterização a nível molecular é fundamental, de forma a evitar interpretações erróneas quanto ao significado e distribuição da cor nos manuscritos. Os ligantes, componente invisível da cor, podem igualmente ter uma influência fundamental na sua percepção e desempenham um papel chave nas mudanças de cor através dos tempos. Uma particular atenção será dada à sua completa caracterização através do uso de técnicas imunoenzimáticas que permitem a detecção de anticorpos/antigenes específicos, por exemplo o ensaio ELISA.
Pretendemos preparar um livro que descreva as descobertas mais importantes e os resultados da nossa investigação. Será considerada igualmente a possibilidade da criação de uma página Web em que os resultados possam ser divulgados. Exploraremos novos caminhos para difundir as nossas conclusões entre o público em geral, e muito particularmente junto das crianças, contribuindo para dar a conhecer a arte da iluminura medieval através da exploração das novas tecnologias interactivas. Pretendemos desenvolver um sistema interactivo que seja atraente, intuitivo e simples de usar, onde serão recriados os objectos físicos que foram utilizados, na vida real, na produção da iluminura medieval. Esta instalação simulará o processo criativo, abordando diversos aspectos, desde as fontes dos materiais e métodos de produção até à aplicação da cor e construção da imagem. Mostraremos igualmente o contexto histórico e social dessa época e revelaremos os significados das cores utilizadas e das imagens pintadas. Estas instalação interactiva poderá facilmente ser utilizada em sítios culturais, enriquecendo uma exposição, ou em instituições onde os livros estão conservados.
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